segunda-feira, 11 de março de 2013

SETENTA E SEIS ANOS DA REVISTA PRESENÇA

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Presença

by largodoscorreios
pre 02Cumprem-se hoje setenta e seis anos sobre o lançamento, em Coimbra, do primeiro número da revista Presença, folha de arte e crítica.
Nesse distante dia 10 de Março de 1927, três intelectuais concretizaram assim um desígnio comum, o de disponibilizarem um suporte para albergar aquilo que consideravam uma literatura viva, livre, oposta ao academismo rotineiro que então imperava, substituindo-o pelo exercício da crítica e pela supremacia do individual sobre o colectivo, do criativo sobre o clássico, do intituitivo sobre o racional.
A revista tornou-se uma entusiástica defensora daquilo a que se viria a chamar o Segundo Modernismo, tendo ficado o Primeiro a cargo da extinta revista Orpheu. Aliás, alguns destes pioneiros juntar-se-iam aos homens da Presença.
Estes foram, no início, João Gaspar Simões, Branquinho da Fonseca e José Régio. Ainda estudante universitário -tinha então 25 anos- Régio depressa se tornaria o mais influente membro da equipa responsável pela Presença. Com algumas alterações na sua direcção e nos quadros de colaboradores regulares, a revista duraria até 1940, tendo publicado 54 números.
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Para além dos intelectuais já citados, muitas outras personalidades deixariam valiosa participação literária ou artística nas páginas daPresença. Entre estas, devem ser citadas Adolfo Casais Monteiro, Miguel Torga, Aquilino Ribeiro, Edmundo de Bettencourt, Carlos Queiroz, Guilherme de Castilho, José Bacelar, José Marinho, Delfim Santos, Saul Dias (irmão de Régio), Fausto José, Francisco Bugalho, Alberto de Serpa, Luís de Montalvor, Mário Saa, Raúl Leal, António Botto...
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A publicação, ao contrário de outros títulos da época, conseguiu manter sempre uma notável independência ideológica, acolhendo as mais diversas tendências desde que respeitassem os valores da arte e da literatura. Por isso, despertou algumas polémicas, sobretudo motivadas pelos defensores do neo-realismo.
 David Mourão-Ferreira, notável figura de pedagogo e intelectual, ao tempo secretário de Estado da Cultura, organizou em 1977 um interessante conjunto de iniciativas centradas em Portalegre e no Norte Alentejano, a propósito do cinquentenário da Presença. A motivação era óbvia, pois a região detinha -e detém- a memória dapresença, ali, de alguns dos mais significativos presencistas: José Régio (Portalegre),  Francisco Bugalho (Castelo de Vide), Branquinho da Fonseca (Marvão) e Mário Saa (Ervedal, Avis). A este propósito, relembra-se a recente publicação da obra Casas de Escritores no Alentejo, de Secundino Cunha, uma obra de invulgar qualidade que abarca os cenários de vida de quase todos estes intelectuais e criadores.
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Presença continua a fazer jus aos seus propósitos de defesa da literatura viva. Ela própria é, e sempre será, uma presença bem desperta. E apta a despertar-nos.
 António Martinó de Azevedo Coutinho

Com a devida vénia ao Blogue Largo dos Correios e
ao querido Professor Martinó.

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