NOTA:
Os preços apresentados, são MAIS BAIXOS NORMALMENTE DO QUE O EXPOSTO, na medida em que pretendemos que mesmo que haja aumentos, possamos manter os preços anualmente, pelo que não deve admirar-se do livro que nos comprou lhe chegar com um custo menor
GARANTIMOS É QUE NUNCA SERÁ SUPERIOR AO INDICADO.
RUBEN A.
Ruben Alfredo Andresen Leitão nasceu em Lisboa a 26 de Maio de 1920, vindo a morrer em Londres a 26 de Setembro de 1975. Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas pela Universidade de Coimbra, foi professor do ensino secundário, leitor no King’s College, Universidade de Londres, entre 1947 e 1952, e funcionário da Embaixada do Brasil entre 1954 e 1972, ano em que foi nomeado Administrador da Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Em finais de 1974 tornou-se Director-Geral dos Assuntos Culturais do Ministério da Educação e Cultura, cargo que deixou ao fim de alguns meses, ao aceitar o convite para ser professor associado da Universidade de Oxford. Ficcionista, dramaturgo, historiador, crítico literário e divulgador cultural, a sua obra reparte-se por dezenas de volumes que vão do romance ao ensaio, passando pela autobiografia, pelo conto e pela novela. Dotado de um fino humor e utilizando uma prosa de vanguarda, Ruben A. constitui um caso ímpar na literatura portuguesa pela escolha de temas, o arrojo do estilo e a originalidade do discurso.
Obra
- Triálogo
- Júlia
- Relato 1453
- Caranguejo (romance, 1954)
- Cores (contos, 1960)
- Cartas de D. Pedro V aos seus Contemporâneos (1961)
- A Torre da Barbela (romance, 1965)
- O Outro que era Eu (1966)
- O Mundo à Minha Procura (1964, 1966 e 1968)
- Páginas (seis diários publicados em 1949, 1950, 1956, 1960, 1967 e 1970)
- Silêncio para 4 (novela, 1973)
- Kaos (romance, 1982).
P.V.P.Espanha: 19,80€Editor: Assírio & Alvim
Dimensões: 136 x 210 x 20 mmEncadernação: Capa molePáginas: 352
SinopseTodas as tardes, ao cair do crepúsculo,
no momento em que termina
a visita dos turistas à Torre da Barbela,
edificada
por Dom Raymundo da Barbela,
com trinta e dois metros
de altura e classificada como
monumento nacional
por ser a única torre triangular
da Península,
os Barbela ressuscitam,
trazendo consigo ódios e amores
de outras épocas.Em volta da Torre transfigurada
reúnem-se
os parentes modernos e
antigos da família,
"primos vestidos em séculos diferentes
e com bigodes conforme a época".
Entre eles contam-se
Dom Raymundo,
poeta e primo de Dom Afonso Henriques,
ao lado de quem combateu
contra os leoneses;
o Cavaleiro de aventuras,
que percorre os montes com Vilancete,
grande garrano da Ribeira de Lima,
e seguido por Abelardo,
o falcão que o auxilia na caça;
a linda D. Mafalda,
cujo formato dos vestidos copia
os modelos de Watteau e Fragonard
e se corresponde com Beckford;
a princesa Brites,
célebre no século XIX;
Madeleine,
"prima que veio de Paris cheia de cores";
Frey Ciro,
o santo da família,
e a bruxa de São Semedo.A Torre da Barbela
conta-nos as ironias
de oito séculos de paixão por enguias
fumadas e do amor entre o Cavaleiro
mais lendário do mundo e a
sua prima francesa,
de pessoas que só sabem
falar da véspera ou
do que já passou e de um local onde
é difícil fazer qualquer
coisa que não esteja estabelecida
há quatrocentos anos.
Este romance
foi publicado em 1964 e conheceu
três edições em vida do autor
e uma reedição, pela editora
Presença, em 1983.
Foi distinguido
com o prémio Ricardo Malheiros,
da Academia de Ciências de Lisboa.
P.V.P.Espanha: 9,80 €Sinopse"D. Branca morava no Porto,
na Rua da Cedofeita,
e do seu passado ou,
melhor dizendo,
das suas experiências coloridas
com um estudante republicano,
nada se sabe.
Por detrás da "mesa pé-de-galo,
contando as pancadas de outro mundo
batidas no soalho pela vizinha",
encontra-se o vidente
senhor Roxo,
educado por padres e irmãos leigos
e autor de obras
sobre sangrias e receitas famosas
de boticário.
Amarelo é o sorriso suspenso
de todos os espectadores da peça teatral
com mais sucesso no País.
Com sangue azul e alguns danos
na sua personalidade
ficará o novo visconde,
depois de ter pago
principescamente a um fidalgo falido
por uma transfusão sanguínea.
Num dia cinzento de chuva,
estando os Pardos que
nem gatos pingados,
comemora-se a fundação
dos ilustres e distintos Pardos de Portugal
. Problemas tem o solitário Vermelho
por corar quando alguém mente,
mas talvez, depois de um sonho colorido,
este consiga encontrar a sua cara metade."
Este conjunto de contos,
escritos por Ruben A.
e publicados em 1960,
têm em comum o facto
de a cada cor corresponder uma história.
Cores é um livro divertido,
cáustico e por vezes impiedoso.
P.V.P.Espanha: 11,55 €
Editor: Assírio & Alvim
Dimensões: 332 x 442 x 301 mmEncadernação: Capa molePáginas: 132
P.V.P.Espanha: 9,80 €
SinopseDe um encontro casual resultará
o casamento
daqueles que ficarão
sempre estranhos.
"Ela" ignorava, numa total inocência,
que essa união viria a ser a sua tragédia,
pois representaria "a aceitação patética
da vida num meio alimentado
apenas pela convenção".
"Ele" vive excluído do sonho,
"mais que tudo o dinheiro
atrai-o no íntimo",
"dinheiro para guardar,
dinheiro para o sentir
na carteira e contar as notas de vez
em quando".
"Ela", por seu lado,
dormirá sem sonhar,
na solidão
do quarto de casal onde recebe
as suas visitas
de quando em quando.Ao contrário de "Ele",
incapaz de chegar mais cedo
a casa ou de lhe comprar um presente,
"Este" gostaria de a ver diariamente,
de saber o que "Ela" pensa,
de ter pequenas conversas de amor.
Ama-a desde que se conhece,
mas nunca se conseguiu declarar,
vivendo na solidão de a ver com "Ele".
"Este" teve uma amante,
"Aquela", a que sempre
ambicionou fazer
um bom casamento, que lhe permitisse
ir às modistas parisienses
e ter um carro,
mas de quem nunca gostou.
Caranguejo, escrito do fim
para o princípio
e sem numeração de páginas,
foi editado em 1954, sendo considerado
o primeiro livro ficcional
de Ruben A..
É um texto único em que,
ao andarmos para trás,
traçamos o percurso destas
personagens sem nome.
SinopseRomance póstumo do autor de
“A Torre de Barbela”,
será romance inacabado
ou primeiro volume de uma série
de quatro (mas independente)
que o autor tinha na cabeça
quando a morte o surpreendeu em Londres,
corria o ano de 1975?
Ultrapassemos essa questão
e atentemos no que disse
Ruben-ele-mesmo
em carta a Liberto Cruz
(responsável por esta edição e
pela publicação da Obra Completa
do autor de
“O Mundo à Minha Procura”):
esta é a “minha obra máxima”.Liberto Cruz descreve a obra assim,
no prefácio a esta edição:“Conquanto na sua carta de 17 de Outubro
de 1974 Ruben A.
escreva que ‘este KAOS vai de 1900
a mais ou menos 1916’,
é forçoso dizer que os seus horizontes
não são tão limitados. Pelo contrário.
Como diz acertadamente
Vasco Pulido Valente:
‘O Kaos é aparentemente a República.
Mas também é 1820,
o liberalismo, a revolução,
Portugal.’
E é também, acrescento eu,
o 25 de Abril de 1974
contado através da história
da nossa Primeira República.
O presente vivido pelo escritor
relatava
os acontecimentos contados
pelo historiador.
O conhecimento do passado
contribuía para
melhor entender a actualidade e para melhor
compreender o fim da Monarquia.
Afinal Brito Camacho
parecia não ter exagerado ao
dizer que só as moscas
eram diferentes.”
“ [..] trata-se de um grande romance,
onde as trapalhadas pátrias
são pretexto para uma ironia
incomum nas letras portuguesas,
subtraídos Eça, Almada,
O’Neill e poucos mais.[...]
Mas o que faz a delícia maior
deste romance é,
sem dúvida,
a sua actualidade.
Portugal,
‘esse lugar mal frequentado’
de que falava Eça,
expõe em ‘Kaos’ os seus rídículos,
de ontem e de hoje.”Ana Cristina Leonardo,
Expresso, Actual, 30/08/07Críticas de imprensa" [..] trata-se de um grande romance,
onde as trapalhadas pátrias são
pretexto para uma ironia incomum
nas letras portuguesas, subtraídos Eça,
Almada, O'Neill e poucos mais.[...]
Mas o que faz a delícia maior
deste romance é,
sem dúvida, a sua actualidade.
Portugal, 'esse lugar mal frequentado'
de que falava Eça,
expõe em 'Kaos' os seus rídículos,
de ontem e de hoje."Ana Cristina Leonardo, Expresso,
Actual, 30/08/07
P.V.P.Espanha: 19,80 €Editor: Assírio & Alvim
Dimensões: 208 x 135 x 27 mmEncadernação: Capa molePáginas: 240
Sinopse«… Num rasgo de audácia comecei o KAOS,
mas ficou parado,
preciso de arrancar novamente,
é coisa para mil páginas e depois
só escreverei teatro,
o que mais me apaixona
pelo simples facto
de não ter qualquer repercussão.»
(Carta a Liberto Cruz, 17/11/1971)Neste trecho epistolar, Ruben A.
confirma-nos uma suspeita:
a da existência nele,
aqui confessada,
de uma pulsão dramática
latente que anima,
além do mais,
tantas páginas
da sua prosa de narrador
desassombrado
e indomesticável.
E ele aqui o diz no gesto
bem soberano
(que lembra António Patrício)
de se «estar nas tintas»
para os silenciamentos previsíveis,
votados à recepção cultural
de criações dramáticas de
portugueses em Portugal;
por culpa isolada ou
concertada de desatenção,
desamor, e/ou despeito
(questão amarga e atávica
que infelizmente detém a sua actualidade).
Mas seja qual for o obstáculo ou o boicote,
tal não atingirá de morte
essa paixão de dizer,
em forma escrita,
que constitui a tentação dramatúrgica.
P.V.P.Espanha: 19,20 €
Editor: Assírio & Alvim
Dimensões: 208 x 135 x 24 mmEncadernação: Capa molePáginas: 265
P.V.P.Espanha: 19,20 €
Excerto«Este segundo volume da Autobiografia
de Ruben A. situa-se entre a
chegada a Lisboa e a partida de Coimbra
terminados os estudos Universitários.
Após o fascínio que tinha sido viver no Porto,
no Campo Alegre, Ruben A.
encontra o mundo à sua procura
através das amizades que faz,
dos professores que conhece,
duma viagem à Áustria,
à Alemanha e à Hungria,
antes da guerra, do serviço militar,
das ‘imensas distâncias’
que vai fabricando,
dos livros que lê,
da pintura que descobre
e da sua permanência em Coimbra
na república do Babaouo.
De passaporte na mão,
o almejado canudo,
perdidas algumas ilusões
e esperando vir a ganhar outras,
Ruben A. sai de Coimbra
a caminho das luzes da ribalta.
O espectáculo do quotidiano
estava prestes a começar.»
— Liberto Cruz
P.V.P.Espanha: 19,20 €
Editor: Assírio & Alvim
Dimensões: 135 x 210 x 15 mmEncadernação: Capa molePáginas: 232
P.V.P.Espanha: 19,20 €
Editor: Assírio & Alvim
Dimensões: 134 x 208 x 24 mmEncadernação: Capa mole
P.V.P.Espanha: 19,20 €
Editor: Assírio & Alvim
Dimensões: 208 x 137 x 26 mmEncadernação: Capa molePáginas: 200
P.V.P.Espanha: 19,20 €
Editor: Assírio & Alvim
Dimensões: 210 x 134 x 25 mmEncadernação: Capa molePáginas: 208SinopseNa colecção "Obras de Ruben A"
sai agora o 4º volume de PÁGINAS,
obra de reflexões, vivências e
impressões várias.
As "páginas" deste volume,
dedicado aos amigos
João Gaspar Simões
e Isabel da Nóbrega,
que assina o prefácio desta edição,
vão das "Páginas Londrinas"
(Ruben A. foi Leitor
no King's College entre 1947 e 1952)
às "Páginas do Sargaço" (Carreço-Afife),
onde o autor tinha
uma casa virada para o mar.
Pelo meio, entre outras,
a aventura de uma viagem de Londres
ao Sargaço, num velho táxi londrino,
que comprara com o amigo
Ruy Leitão,
de que se transcreve em baixo
a parte final, com a chegada ao Sargaço.
O humor fino e
uma prosa moderna
fazem de Ruben A,
(ficcionista, dramaturgo, historiador,
com uma obra repartida
por dezenas de volumes,
do romance ao ensaio,
passando pela autobiografia,
conto e novela)
um caso ímpar na literatura portuguesa.ExcertoDia final.
De Pontevedra à fronteira é
um salto de avestruz
e Lord Snob - Duque de Taxi-Cab,
queixando-se já dos intestinos
(aquele azeite em Espanha)!
Traqueava-se amiudamente
dando morteiros castiços
numa atmosfera cáustica
- quase já não podia andar,
estava atingido pela gota ancestral.
Muitos Invernos londrinos
e muita borracheira
pouco comunicativa.
Que alegria ver Portugal!
Não é ver a pátria a querida
a linda a louca e tola
- é sentir que se entra por dentro daquilo
que é nosso onde se fala a nossa língua
e onde se viveu um bom par de anos.
Comecei a ficar um pouco confuso
ao ponto de tocar numa arrepiação saudosa.
Aqui, perto, todo o Alto Minho e
ir entrar directamente em minha casa
- no Sargaço
- vindo de Londres, é de certa classe.
- Aparece no momento uma alegria
de ver nascer as coisas e
tudo sabe como se a natureza
estivesse aninhada antes do nosso passar
- crescem as árvores aparecem
chapéus nos homens e
um comboio voa em direcção às nuvens.
E eu a divagar nesta alegria
divina quando numa
das curvas da estrada
dois guardas-fiscais de espingarda
em punho mandaram alto.
- Travei Lord Snob como pude
(ele não compreende estas
intervenções consecutivas de autoridade)
e parei mesmo grogue
ao pé dos dois fiscais fardados
de um cotim modesto e
tendo uma beata sonolenta ao pé da boca.
Então o mais decidido e
de bigodes avançou para
mim e disse:
queremos ver as malas
-, eu respondi calmamente
que nos tinham inspeccionado
as malas há pouco mais de 10 minutos.
- Então os cavalheiros atravessaram a fronteira?
Que fronteira?
- Eu não sei, parece-me
que aqui só há uma
- foi pela fronteira de Valença.
- Os senhores são estrangeiros, não são?
- Somos, sim senhor
- respondi eu sem hesitar.
Então fazem favor de seguir
- no entanto garantem-nos
que esta viatura não é
carro do exército nem de combate.
Não senhor, tem a minha palavra
que este carro não pertence
ao exército ou à marinha.
- Podem seguir. - Muito obrigado senhor guarda.
No entanto para tornar o
acontecimento como oficializado,
o outro guarda escrevia num
canhenho besuntado
o número de matrícula do nosso carro.
AXL-478-GB.
Agora são lugares conhecidos:
Vila Nova de Cerveira, São Bento de Seixas,
Caminha, Moledo,
Âncora e Lord Snob
quase atingido por síncopes
lá vai andando na dificuldade do
seu tubo de escape.
Alto! Daqui para lá a terra é minha
- do cimo da Gelfa até ao farol de
Montedor estende-se aquela visão
espantada de amor e tranquilidade.
Lá ao fundo está o sargaço, sonho,
tempo de poesia e pôr-do-sol,
realidade abstracta à
custa de muitos sacrifícios domésticos.
Coisa grande que medíocres não percebem.
Proibidos todos os Vossas Excelências,
multa de cem colarinhos
peganhentos aos transgressores.
Afife já está no papo e mais dois quilómetros
andados para aparecer a beleza
da sereia dando voos e saltos
numa harmonia perpétua.
Tudo é presente de agora.
Sargaço é mais do que sonho
- aparece como vislumbre
perfeito de uma ideia
transportada ao mundo da fantasia.
- O nosso Marquês
ficou tão entusiasmado que avançou
pelo mato em doida correria
até se sentir encostado à casa.
Ficou de capota aberta a dessuar-se
Estava louco por ter terminado
esta viagem ao longo de tanta paisagem
e tanta costa numa procura contínua
ao sustentáculo da maior realidade para sonhar.
Houve uma chegada quase simbólica
- a Cidalina julgava que
vínhamos num carro do
outro mundo e que
os tacos de golfe eram metralhadoras.
Depois de acalmada pelas nossas
palavras de paz e conforto foi
preparar os pastelinhos de bacalhau
enquanto nós fomos a correr
por ali abaixo até à praia.
Precisávamos de nos abençoar
na água viril desta costa.
Que bonito tudo isto!
É dos lugares mais íntimos ao pé do céu
e só posso dar graças a Deus
de ter aqui chegado e pedir
sempre ao São Cristóvão
que me leve a bom destino.
Almoço alárvico.
Horas depois um começo de pôr-do-sol
que espantava os mais calmos
numa transição para quarto crescente
de Vénus à espreita
para nos constelar-mos em céu límpido.
Ah! Queria muitos destes dias de totalidade
para satisfazer os meus sentidos.
Afinal… viajar de táxi de Londres
ao Sargaço é uma coisa dentro
dos limites permitidos às forças humanas.
Tem classe, mesmo que os rafeiros
ladrem na sua alacridade acéfala.
P.V.P.Espanha: 19,20 €
Editor: Assírio & Alvim
Dimensões: 208 x 135 x 27 mmEncadernação: Capa molePáginas: 240
SinopseHá 25 anos, no dia 26 de Setembro,
desaparecia um dos grandes escritores
portugueses deste século:
Ruben A., pseudónimo de
Ruben Alfredo Andresen Leitão,
ficcionista, dramaturgo,
historiador,
com uma obra repartida
por dezenas de volumes,
do romance ao ensaio,
passando pela autobiografia,
conto e novela.
A editora Assírio & Alvim,
que edita a sua obra,
prepara-lhe uma homenagem
no Alto Minho,
em colaboração com a Câmara de Caminha,
ao mesmo tempo que
sai o V volume de "Páginas",
obra de reflexões,
vivências e impressões várias,
que o autor de "A Torre da Barbela"
foi escrevendo ao longo de anos,
com o humor fino que o
caracterizava e uma criatividade
ímpar na forma como jogava
com as palavras e os seus sentidos.
Os encontros e conversas com
os amigos, os poetas Ruy Cinatti,
Pedro Homem de Mello,
Sophia de Mello Breyner,
sua prima,
José Régio,
Miguel Torga,
o crítico João Gaspar Simões,
o "Gaspas",
o romancista brasileiro
José Lins do Rego,
a pintora Menez,
e tantos,
tantos outros.
"Páginas de casa" pelo
Minho de Carreço,
onde comprara a casa do Sargaço,
a serra d'Arga, Afife,
Viana, Ponte de Lima
(e a Torre de Barbela,
em Geraz do Lima,
onde tomou a decisão de
escrever o romance),
e também Coimbra,
Portalegre,
Porto ou Lisboa ...;
"páginas ambulantes"
por Londres, Oslo ou Roterdão.
Excerto:
"Dia 10.
Estou azabumbado.
Pedalo dentro da minha cabeça
e sai apenas uma bílis de má disposição.
A minha vida é um acidente de
terreno pouco elevado.
Esmigalho-me de vez em meses:
é cada notícia que me
alquebra os untos.
Fico-me por aqui a olhar os
bosques por onde caminha
o Cavaleiro da Barbela
a bordo do seu afamado Vilancete.
E sonho nas saudades monstras
que tenha da Barbela.
Sítio ímpar na Ribeira Lima,
solar da Torre,
albergando os mais
individualizados de cada século.
Quase me apaixono por
Madeleine Barbelat que
quer perscrutar da virgindade
do Cavaleiro antes
de regressar a Paris.
Depois ingresso novamente
na chatice da renda de casa
para pagar até ao dia 8,
do gás e da electricidade,
e eu sempre atento a apagar o
que se não deve estragar de dinheiro,
e o telefone a roubar-me por um
contador que não está em minha casa,
sou indefeso, imbecil,
parvo - ainda a água caudalosa
a chuvar-me o estremunhamento
para não falar no pesadelo
constante de padeiro, leiteiro,
carniceiro, canalizador.
Tudo que é novo em Portugal
precisa de ser arranjado,
então as canalizações já são construídas
entupidas de nascença.
Há tanto maquinismo de
que só fabricamos os abortos.
E medito que à borla só tenho
o ar e o dentista amigo que
é um homem bestial,
boémio dos tempos de Coimbra,
são de corpo e alma.
Ah! Como eu queria
bocejos à beira-mar.
Lisboa faz-me vómitos setembrais;
é a cidade mais egoísta do Ocidente.
Em Lisboa é tudo difícil.
Os braços caem-me pelas
pernas abaixo e a cabeça de tão
inclinada só olha pelos umbigos citadinos.
São feios os umbigos portugueses.
Têm pouca graça, parecem estrelas cadentes.
Toda a minha paixão vira-se
para umbigos de luxo que
me arranquem dessa monotonia
de contínuos problemas fiduciários."
P.V.P.Espanha: 19,20 €
Editor: Assírio & Alvim
Dimensões: 208 x 135 x 27 mmEncadernação: Capa molePáginas: 240
OFERTA ESPECIALPreço do Pack38,50 €SinopseEm 1949, Ruben A.,
ocupando o cargo de leitor em Londres,
no King’s College, publica o seu primeiro livro,
Páginas, na Coimbra Editora.
Neste livro, dedicado à pintora Menez
e ao seu marido,
o advogado Ruy Leitão,
discorre-se sobre a vida londrina,
apimentada com passeios
a Dorset e a Stratford-Upon-Avon,
sobre exposições de Van Gogh
e exibições da Fera Amansada;
sobre a visita realizada por
Ruben A. aos Estados Unidos;
o seu regresso temporário a casa,
e uma viagem à Suécia,
Dinamarca e Noruega.
Seguir-se-ão a este livro cinco
volumes de Páginas,
publicados ao longo
de vinte e um anos,
e nos quais se traça o retrato de uma época,
de um regime, e de algumas
figuras brilhantes
que viviam em Portugal na altura.
Simultaneamente, à medida
que a leitura destas páginas
vai progredindo,
verifica-se o amadurecimento do estilo
e pensamento de Ruben A.,
um dos escritores mais
interessantes do século XX em Portugal.
PEDIDOS:
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contactar-nos exclusivamente por e-mail
P.V.P.Espanha: 19,80€
Editor: Assírio & Alvim
Dimensões: 136 x 210 x 20 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 352
Sinopse
Todas as tardes, ao cair do crepúsculo,
no momento em que termina
a visita dos turistas à Torre da Barbela,
edificada
por Dom Raymundo da Barbela,
com trinta e dois metros
de altura e classificada como
monumento nacional
por ser a única torre triangular
da Península,
os Barbela ressuscitam,
trazendo consigo ódios e amores
de outras épocas.
no momento em que termina
a visita dos turistas à Torre da Barbela,
edificada
por Dom Raymundo da Barbela,
com trinta e dois metros
de altura e classificada como
monumento nacional
por ser a única torre triangular
da Península,
os Barbela ressuscitam,
trazendo consigo ódios e amores
de outras épocas.
Em volta da Torre transfigurada
reúnem-se
os parentes modernos e
antigos da família,
"primos vestidos em séculos diferentes
e com bigodes conforme a época".
Entre eles contam-se
Dom Raymundo,
poeta e primo de Dom Afonso Henriques,
ao lado de quem combateu
contra os leoneses;
o Cavaleiro de aventuras,
que percorre os montes com Vilancete,
grande garrano da Ribeira de Lima,
e seguido por Abelardo,
o falcão que o auxilia na caça;
a linda D. Mafalda,
cujo formato dos vestidos copia
os modelos de Watteau e Fragonard
e se corresponde com Beckford;
a princesa Brites,
célebre no século XIX;
Madeleine,
"prima que veio de Paris cheia de cores";
Frey Ciro,
o santo da família,
e a bruxa de São Semedo.
reúnem-se
os parentes modernos e
antigos da família,
"primos vestidos em séculos diferentes
e com bigodes conforme a época".
Entre eles contam-se
Dom Raymundo,
poeta e primo de Dom Afonso Henriques,
ao lado de quem combateu
contra os leoneses;
o Cavaleiro de aventuras,
que percorre os montes com Vilancete,
grande garrano da Ribeira de Lima,
e seguido por Abelardo,
o falcão que o auxilia na caça;
a linda D. Mafalda,
cujo formato dos vestidos copia
os modelos de Watteau e Fragonard
e se corresponde com Beckford;
a princesa Brites,
célebre no século XIX;
Madeleine,
"prima que veio de Paris cheia de cores";
Frey Ciro,
o santo da família,
e a bruxa de São Semedo.
A Torre da Barbela
conta-nos as ironias
de oito séculos de paixão por enguias
fumadas e do amor entre o Cavaleiro
mais lendário do mundo e a
sua prima francesa,
de pessoas que só sabem
falar da véspera ou
do que já passou e de um local onde
é difícil fazer qualquer
coisa que não esteja estabelecida
há quatrocentos anos.
Este romance
foi publicado em 1964 e conheceu
três edições em vida do autor
e uma reedição, pela editora
Presença, em 1983.
Foi distinguido
com o prémio Ricardo Malheiros,
da Academia de Ciências de Lisboa.
conta-nos as ironias
de oito séculos de paixão por enguias
fumadas e do amor entre o Cavaleiro
mais lendário do mundo e a
sua prima francesa,
de pessoas que só sabem
falar da véspera ou
do que já passou e de um local onde
é difícil fazer qualquer
coisa que não esteja estabelecida
há quatrocentos anos.
Este romance
foi publicado em 1964 e conheceu
três edições em vida do autor
e uma reedição, pela editora
Presença, em 1983.
Foi distinguido
com o prémio Ricardo Malheiros,
da Academia de Ciências de Lisboa.
P.V.P.Espanha: 9,80 €
Sinopse
"D. Branca morava no Porto,
na Rua da Cedofeita,
e do seu passado ou,
melhor dizendo,
das suas experiências coloridas
com um estudante republicano,
nada se sabe.
Por detrás da "mesa pé-de-galo,
contando as pancadas de outro mundo
batidas no soalho pela vizinha",
encontra-se o vidente
senhor Roxo,
educado por padres e irmãos leigos
e autor de obras
sobre sangrias e receitas famosas
de boticário.
Amarelo é o sorriso suspenso
de todos os espectadores da peça teatral
com mais sucesso no País.
Com sangue azul e alguns danos
na sua personalidade
ficará o novo visconde,
depois de ter pago
principescamente a um fidalgo falido
por uma transfusão sanguínea.
Num dia cinzento de chuva,
estando os Pardos que
nem gatos pingados,
comemora-se a fundação
dos ilustres e distintos Pardos de Portugal
. Problemas tem o solitário Vermelho
por corar quando alguém mente,
mas talvez, depois de um sonho colorido,
este consiga encontrar a sua cara metade."
na Rua da Cedofeita,
e do seu passado ou,
melhor dizendo,
das suas experiências coloridas
com um estudante republicano,
nada se sabe.
Por detrás da "mesa pé-de-galo,
contando as pancadas de outro mundo
batidas no soalho pela vizinha",
encontra-se o vidente
senhor Roxo,
educado por padres e irmãos leigos
e autor de obras
sobre sangrias e receitas famosas
de boticário.
Amarelo é o sorriso suspenso
de todos os espectadores da peça teatral
com mais sucesso no País.
Com sangue azul e alguns danos
na sua personalidade
ficará o novo visconde,
depois de ter pago
principescamente a um fidalgo falido
por uma transfusão sanguínea.
Num dia cinzento de chuva,
estando os Pardos que
nem gatos pingados,
comemora-se a fundação
dos ilustres e distintos Pardos de Portugal
. Problemas tem o solitário Vermelho
por corar quando alguém mente,
mas talvez, depois de um sonho colorido,
este consiga encontrar a sua cara metade."
Este conjunto de contos,
escritos por Ruben A.
e publicados em 1960,
têm em comum o facto
de a cada cor corresponder uma história.
Cores é um livro divertido,
cáustico e por vezes impiedoso.
escritos por Ruben A.
e publicados em 1960,
têm em comum o facto
de a cada cor corresponder uma história.
Cores é um livro divertido,
cáustico e por vezes impiedoso.
P.V.P.Espanha: 11,55 €
Editor: Assírio & Alvim
Dimensões: 332 x 442 x 301 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 132
P.V.P.Espanha: 9,80 €
Sinopse
De um encontro casual resultará
o casamento
daqueles que ficarão
sempre estranhos.
"Ela" ignorava, numa total inocência,
que essa união viria a ser a sua tragédia,
pois representaria "a aceitação patética
da vida num meio alimentado
apenas pela convenção".
"Ele" vive excluído do sonho,
"mais que tudo o dinheiro
atrai-o no íntimo",
"dinheiro para guardar,
dinheiro para o sentir
na carteira e contar as notas de vez
em quando".
"Ela", por seu lado,
dormirá sem sonhar,
na solidão
do quarto de casal onde recebe
as suas visitas
de quando em quando.
o casamento
daqueles que ficarão
sempre estranhos.
"Ela" ignorava, numa total inocência,
que essa união viria a ser a sua tragédia,
pois representaria "a aceitação patética
da vida num meio alimentado
apenas pela convenção".
"Ele" vive excluído do sonho,
"mais que tudo o dinheiro
atrai-o no íntimo",
"dinheiro para guardar,
dinheiro para o sentir
na carteira e contar as notas de vez
em quando".
"Ela", por seu lado,
dormirá sem sonhar,
na solidão
do quarto de casal onde recebe
as suas visitas
de quando em quando.
Ao contrário de "Ele",
incapaz de chegar mais cedo
a casa ou de lhe comprar um presente,
"Este" gostaria de a ver diariamente,
de saber o que "Ela" pensa,
de ter pequenas conversas de amor.
Ama-a desde que se conhece,
mas nunca se conseguiu declarar,
vivendo na solidão de a ver com "Ele".
"Este" teve uma amante,
"Aquela", a que sempre
ambicionou fazer
um bom casamento, que lhe permitisse
ir às modistas parisienses
e ter um carro,
mas de quem nunca gostou.
Caranguejo, escrito do fim
para o princípio
e sem numeração de páginas,
foi editado em 1954, sendo considerado
o primeiro livro ficcional
de Ruben A..
É um texto único em que,
ao andarmos para trás,
traçamos o percurso destas
personagens sem nome.
incapaz de chegar mais cedo
a casa ou de lhe comprar um presente,
"Este" gostaria de a ver diariamente,
de saber o que "Ela" pensa,
de ter pequenas conversas de amor.
Ama-a desde que se conhece,
mas nunca se conseguiu declarar,
vivendo na solidão de a ver com "Ele".
"Este" teve uma amante,
"Aquela", a que sempre
ambicionou fazer
um bom casamento, que lhe permitisse
ir às modistas parisienses
e ter um carro,
mas de quem nunca gostou.
Caranguejo, escrito do fim
para o princípio
e sem numeração de páginas,
foi editado em 1954, sendo considerado
o primeiro livro ficcional
de Ruben A..
É um texto único em que,
ao andarmos para trás,
traçamos o percurso destas
personagens sem nome.
Sinopse
Romance póstumo do autor de
“A Torre de Barbela”,
será romance inacabado
ou primeiro volume de uma série
de quatro (mas independente)
que o autor tinha na cabeça
quando a morte o surpreendeu em Londres,
corria o ano de 1975?
Ultrapassemos essa questão
e atentemos no que disse
Ruben-ele-mesmo
em carta a Liberto Cruz
(responsável por esta edição e
pela publicação da Obra Completa
do autor de
“O Mundo à Minha Procura”):
esta é a “minha obra máxima”.
“A Torre de Barbela”,
será romance inacabado
ou primeiro volume de uma série
de quatro (mas independente)
que o autor tinha na cabeça
quando a morte o surpreendeu em Londres,
corria o ano de 1975?
Ultrapassemos essa questão
e atentemos no que disse
Ruben-ele-mesmo
em carta a Liberto Cruz
(responsável por esta edição e
pela publicação da Obra Completa
do autor de
“O Mundo à Minha Procura”):
esta é a “minha obra máxima”.
Liberto Cruz descreve a obra assim,
no prefácio a esta edição:
no prefácio a esta edição:
“Conquanto na sua carta de 17 de Outubro
de 1974 Ruben A.
escreva que ‘este KAOS vai de 1900
a mais ou menos 1916’,
é forçoso dizer que os seus horizontes
não são tão limitados. Pelo contrário.
Como diz acertadamente
Vasco Pulido Valente:
‘O Kaos é aparentemente a República.
Mas também é 1820,
o liberalismo, a revolução,
Portugal.’
E é também, acrescento eu,
o 25 de Abril de 1974
contado através da história
da nossa Primeira República.
O presente vivido pelo escritor
relatava
os acontecimentos contados
pelo historiador.
O conhecimento do passado
contribuía para
melhor entender a actualidade e para melhor
compreender o fim da Monarquia.
Afinal Brito Camacho
parecia não ter exagerado ao
dizer que só as moscas
eram diferentes.”
de 1974 Ruben A.
escreva que ‘este KAOS vai de 1900
a mais ou menos 1916’,
é forçoso dizer que os seus horizontes
não são tão limitados. Pelo contrário.
Como diz acertadamente
Vasco Pulido Valente:
‘O Kaos é aparentemente a República.
Mas também é 1820,
o liberalismo, a revolução,
Portugal.’
E é também, acrescento eu,
o 25 de Abril de 1974
contado através da história
da nossa Primeira República.
O presente vivido pelo escritor
relatava
os acontecimentos contados
pelo historiador.
O conhecimento do passado
contribuía para
melhor entender a actualidade e para melhor
compreender o fim da Monarquia.
Afinal Brito Camacho
parecia não ter exagerado ao
dizer que só as moscas
eram diferentes.”
“ [..] trata-se de um grande romance,
onde as trapalhadas pátrias
são pretexto para uma ironia
incomum nas letras portuguesas,
subtraídos Eça, Almada,
O’Neill e poucos mais.[...]
Mas o que faz a delícia maior
deste romance é,
sem dúvida,
a sua actualidade.
Portugal,
‘esse lugar mal frequentado’
de que falava Eça,
expõe em ‘Kaos’ os seus rídículos,
de ontem e de hoje.”
onde as trapalhadas pátrias
são pretexto para uma ironia
incomum nas letras portuguesas,
subtraídos Eça, Almada,
O’Neill e poucos mais.[...]
Mas o que faz a delícia maior
deste romance é,
sem dúvida,
a sua actualidade.
Portugal,
‘esse lugar mal frequentado’
de que falava Eça,
expõe em ‘Kaos’ os seus rídículos,
de ontem e de hoje.”
Ana Cristina Leonardo,
Expresso, Actual, 30/08/07
Expresso, Actual, 30/08/07
Críticas de imprensa
" [..] trata-se de um grande romance,
onde as trapalhadas pátrias são
pretexto para uma ironia incomum
nas letras portuguesas, subtraídos Eça,
Almada, O'Neill e poucos mais.[...]
Mas o que faz a delícia maior
deste romance é,
sem dúvida, a sua actualidade.
Portugal, 'esse lugar mal frequentado'
de que falava Eça,
expõe em 'Kaos' os seus rídículos,
de ontem e de hoje."
onde as trapalhadas pátrias são
pretexto para uma ironia incomum
nas letras portuguesas, subtraídos Eça,
Almada, O'Neill e poucos mais.[...]
Mas o que faz a delícia maior
deste romance é,
sem dúvida, a sua actualidade.
Portugal, 'esse lugar mal frequentado'
de que falava Eça,
expõe em 'Kaos' os seus rídículos,
de ontem e de hoje."
Ana Cristina Leonardo, Expresso,
Actual, 30/08/07
Actual, 30/08/07
P.V.P.Espanha: 19,80 €
Editor: Assírio & Alvim
Dimensões: 208 x 135 x 27 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 240
Sinopse
«… Num rasgo de audácia comecei o KAOS,
mas ficou parado,
preciso de arrancar novamente,
é coisa para mil páginas e depois
só escreverei teatro,
o que mais me apaixona
pelo simples facto
de não ter qualquer repercussão.»
(Carta a Liberto Cruz, 17/11/1971)
mas ficou parado,
preciso de arrancar novamente,
é coisa para mil páginas e depois
só escreverei teatro,
o que mais me apaixona
pelo simples facto
de não ter qualquer repercussão.»
(Carta a Liberto Cruz, 17/11/1971)
Neste trecho epistolar, Ruben A.
confirma-nos uma suspeita:
a da existência nele,
aqui confessada,
de uma pulsão dramática
latente que anima,
além do mais,
tantas páginas
da sua prosa de narrador
desassombrado
e indomesticável.
E ele aqui o diz no gesto
bem soberano
(que lembra António Patrício)
de se «estar nas tintas»
para os silenciamentos previsíveis,
votados à recepção cultural
de criações dramáticas de
portugueses em Portugal;
por culpa isolada ou
concertada de desatenção,
desamor, e/ou despeito
(questão amarga e atávica
que infelizmente detém a sua actualidade).
Mas seja qual for o obstáculo ou o boicote,
tal não atingirá de morte
essa paixão de dizer,
em forma escrita,
que constitui a tentação dramatúrgica.
P.V.P.Espanha: 19,20 €
confirma-nos uma suspeita:
a da existência nele,
aqui confessada,
de uma pulsão dramática
latente que anima,
além do mais,
tantas páginas
da sua prosa de narrador
desassombrado
e indomesticável.
E ele aqui o diz no gesto
bem soberano
(que lembra António Patrício)
de se «estar nas tintas»
para os silenciamentos previsíveis,
votados à recepção cultural
de criações dramáticas de
portugueses em Portugal;
por culpa isolada ou
concertada de desatenção,
desamor, e/ou despeito
(questão amarga e atávica
que infelizmente detém a sua actualidade).
Mas seja qual for o obstáculo ou o boicote,
tal não atingirá de morte
essa paixão de dizer,
em forma escrita,
que constitui a tentação dramatúrgica.
Editor: Assírio & Alvim
Dimensões: 208 x 135 x 24 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 265
P.V.P.Espanha: 19,20 €
Excerto
«Este segundo volume da Autobiografia
de Ruben A. situa-se entre a
chegada a Lisboa e a partida de Coimbra
terminados os estudos Universitários.
Após o fascínio que tinha sido viver no Porto,
no Campo Alegre, Ruben A.
encontra o mundo à sua procura
através das amizades que faz,
dos professores que conhece,
duma viagem à Áustria,
à Alemanha e à Hungria,
antes da guerra, do serviço militar,
das ‘imensas distâncias’
que vai fabricando,
dos livros que lê,
da pintura que descobre
e da sua permanência em Coimbra
na república do Babaouo.
De passaporte na mão,
o almejado canudo,
perdidas algumas ilusões
e esperando vir a ganhar outras,
Ruben A. sai de Coimbra
a caminho das luzes da ribalta.
O espectáculo do quotidiano
estava prestes a começar.»
— Liberto Cruz
de Ruben A. situa-se entre a
chegada a Lisboa e a partida de Coimbra
terminados os estudos Universitários.
Após o fascínio que tinha sido viver no Porto,
no Campo Alegre, Ruben A.
encontra o mundo à sua procura
através das amizades que faz,
dos professores que conhece,
duma viagem à Áustria,
à Alemanha e à Hungria,
antes da guerra, do serviço militar,
das ‘imensas distâncias’
que vai fabricando,
dos livros que lê,
da pintura que descobre
e da sua permanência em Coimbra
na república do Babaouo.
De passaporte na mão,
o almejado canudo,
perdidas algumas ilusões
e esperando vir a ganhar outras,
Ruben A. sai de Coimbra
a caminho das luzes da ribalta.
O espectáculo do quotidiano
estava prestes a começar.»
— Liberto Cruz
P.V.P.Espanha: 19,20 €
Editor: Assírio & Alvim
Dimensões: 135 x 210 x 15 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 232
P.V.P.Espanha: 19,20 €
Editor: Assírio & Alvim
Dimensões: 134 x 208 x 24 mm
Encadernação: Capa mole
P.V.P.Espanha: 19,20 €
Editor: Assírio & Alvim
Dimensões: 208 x 137 x 26 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 200
P.V.P.Espanha: 19,20 €
Editor: Assírio & Alvim
Dimensões: 210 x 134 x 25 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 208
Sinopse
Na colecção "Obras de Ruben A"
sai agora o 4º volume de PÁGINAS,
obra de reflexões, vivências e
impressões várias.
As "páginas" deste volume,
dedicado aos amigos
João Gaspar Simões
e Isabel da Nóbrega,
que assina o prefácio desta edição,
vão das "Páginas Londrinas"
(Ruben A. foi Leitor
no King's College entre 1947 e 1952)
às "Páginas do Sargaço" (Carreço-Afife),
onde o autor tinha
uma casa virada para o mar.
Pelo meio, entre outras,
a aventura de uma viagem de Londres
ao Sargaço, num velho táxi londrino,
que comprara com o amigo
Ruy Leitão,
de que se transcreve em baixo
a parte final, com a chegada ao Sargaço.
O humor fino e
uma prosa moderna
fazem de Ruben A,
(ficcionista, dramaturgo, historiador,
com uma obra repartida
por dezenas de volumes,
do romance ao ensaio,
passando pela autobiografia,
conto e novela)
um caso ímpar na literatura portuguesa.
sai agora o 4º volume de PÁGINAS,
obra de reflexões, vivências e
impressões várias.
As "páginas" deste volume,
dedicado aos amigos
João Gaspar Simões
e Isabel da Nóbrega,
que assina o prefácio desta edição,
vão das "Páginas Londrinas"
(Ruben A. foi Leitor
no King's College entre 1947 e 1952)
às "Páginas do Sargaço" (Carreço-Afife),
onde o autor tinha
uma casa virada para o mar.
Pelo meio, entre outras,
a aventura de uma viagem de Londres
ao Sargaço, num velho táxi londrino,
que comprara com o amigo
Ruy Leitão,
de que se transcreve em baixo
a parte final, com a chegada ao Sargaço.
O humor fino e
uma prosa moderna
fazem de Ruben A,
(ficcionista, dramaturgo, historiador,
com uma obra repartida
por dezenas de volumes,
do romance ao ensaio,
passando pela autobiografia,
conto e novela)
um caso ímpar na literatura portuguesa.
Excerto
Dia final.
De Pontevedra à fronteira é
um salto de avestruz
e Lord Snob - Duque de Taxi-Cab,
queixando-se já dos intestinos
(aquele azeite em Espanha)!
Traqueava-se amiudamente
dando morteiros castiços
numa atmosfera cáustica
- quase já não podia andar,
estava atingido pela gota ancestral.
Muitos Invernos londrinos
e muita borracheira
pouco comunicativa.
Que alegria ver Portugal!
Não é ver a pátria a querida
a linda a louca e tola
- é sentir que se entra por dentro daquilo
que é nosso onde se fala a nossa língua
e onde se viveu um bom par de anos.
Comecei a ficar um pouco confuso
ao ponto de tocar numa arrepiação saudosa.
Aqui, perto, todo o Alto Minho e
ir entrar directamente em minha casa
- no Sargaço
- vindo de Londres, é de certa classe.
- Aparece no momento uma alegria
de ver nascer as coisas e
tudo sabe como se a natureza
estivesse aninhada antes do nosso passar
- crescem as árvores aparecem
chapéus nos homens e
um comboio voa em direcção às nuvens.
E eu a divagar nesta alegria
divina quando numa
das curvas da estrada
dois guardas-fiscais de espingarda
em punho mandaram alto.
- Travei Lord Snob como pude
(ele não compreende estas
intervenções consecutivas de autoridade)
e parei mesmo grogue
ao pé dos dois fiscais fardados
de um cotim modesto e
tendo uma beata sonolenta ao pé da boca.
Então o mais decidido e
de bigodes avançou para
mim e disse:
queremos ver as malas
-, eu respondi calmamente
que nos tinham inspeccionado
as malas há pouco mais de 10 minutos.
- Então os cavalheiros atravessaram a fronteira?
Que fronteira?
- Eu não sei, parece-me
que aqui só há uma
- foi pela fronteira de Valença.
- Os senhores são estrangeiros, não são?
- Somos, sim senhor
- respondi eu sem hesitar.
Então fazem favor de seguir
- no entanto garantem-nos
que esta viatura não é
carro do exército nem de combate.
Não senhor, tem a minha palavra
que este carro não pertence
ao exército ou à marinha.
- Podem seguir. - Muito obrigado senhor guarda.
No entanto para tornar o
acontecimento como oficializado,
o outro guarda escrevia num
canhenho besuntado
o número de matrícula do nosso carro.
AXL-478-GB.
Agora são lugares conhecidos:
Vila Nova de Cerveira, São Bento de Seixas,
Caminha, Moledo,
Âncora e Lord Snob
quase atingido por síncopes
lá vai andando na dificuldade do
seu tubo de escape.
Alto! Daqui para lá a terra é minha
- do cimo da Gelfa até ao farol de
Montedor estende-se aquela visão
espantada de amor e tranquilidade.
Lá ao fundo está o sargaço, sonho,
tempo de poesia e pôr-do-sol,
realidade abstracta à
custa de muitos sacrifícios domésticos.
Coisa grande que medíocres não percebem.
Proibidos todos os Vossas Excelências,
multa de cem colarinhos
peganhentos aos transgressores.
Afife já está no papo e mais dois quilómetros
andados para aparecer a beleza
da sereia dando voos e saltos
numa harmonia perpétua.
Tudo é presente de agora.
Sargaço é mais do que sonho
- aparece como vislumbre
perfeito de uma ideia
transportada ao mundo da fantasia.
- O nosso Marquês
ficou tão entusiasmado que avançou
pelo mato em doida correria
até se sentir encostado à casa.
Ficou de capota aberta a dessuar-se
Estava louco por ter terminado
esta viagem ao longo de tanta paisagem
e tanta costa numa procura contínua
ao sustentáculo da maior realidade para sonhar.
Houve uma chegada quase simbólica
- a Cidalina julgava que
vínhamos num carro do
outro mundo e que
os tacos de golfe eram metralhadoras.
Depois de acalmada pelas nossas
palavras de paz e conforto foi
preparar os pastelinhos de bacalhau
enquanto nós fomos a correr
por ali abaixo até à praia.
Precisávamos de nos abençoar
na água viril desta costa.
Que bonito tudo isto!
É dos lugares mais íntimos ao pé do céu
e só posso dar graças a Deus
de ter aqui chegado e pedir
sempre ao São Cristóvão
que me leve a bom destino.
Almoço alárvico.
Horas depois um começo de pôr-do-sol
que espantava os mais calmos
numa transição para quarto crescente
de Vénus à espreita
para nos constelar-mos em céu límpido.
Ah! Queria muitos destes dias de totalidade
para satisfazer os meus sentidos.
Afinal… viajar de táxi de Londres
ao Sargaço é uma coisa dentro
dos limites permitidos às forças humanas.
Tem classe, mesmo que os rafeiros
ladrem na sua alacridade acéfala.
De Pontevedra à fronteira é
um salto de avestruz
e Lord Snob - Duque de Taxi-Cab,
queixando-se já dos intestinos
(aquele azeite em Espanha)!
Traqueava-se amiudamente
dando morteiros castiços
numa atmosfera cáustica
- quase já não podia andar,
estava atingido pela gota ancestral.
Muitos Invernos londrinos
e muita borracheira
pouco comunicativa.
Que alegria ver Portugal!
Não é ver a pátria a querida
a linda a louca e tola
- é sentir que se entra por dentro daquilo
que é nosso onde se fala a nossa língua
e onde se viveu um bom par de anos.
Comecei a ficar um pouco confuso
ao ponto de tocar numa arrepiação saudosa.
Aqui, perto, todo o Alto Minho e
ir entrar directamente em minha casa
- no Sargaço
- vindo de Londres, é de certa classe.
- Aparece no momento uma alegria
de ver nascer as coisas e
tudo sabe como se a natureza
estivesse aninhada antes do nosso passar
- crescem as árvores aparecem
chapéus nos homens e
um comboio voa em direcção às nuvens.
E eu a divagar nesta alegria
divina quando numa
das curvas da estrada
dois guardas-fiscais de espingarda
em punho mandaram alto.
- Travei Lord Snob como pude
(ele não compreende estas
intervenções consecutivas de autoridade)
e parei mesmo grogue
ao pé dos dois fiscais fardados
de um cotim modesto e
tendo uma beata sonolenta ao pé da boca.
Então o mais decidido e
de bigodes avançou para
mim e disse:
queremos ver as malas
-, eu respondi calmamente
que nos tinham inspeccionado
as malas há pouco mais de 10 minutos.
- Então os cavalheiros atravessaram a fronteira?
Que fronteira?
- Eu não sei, parece-me
que aqui só há uma
- foi pela fronteira de Valença.
- Os senhores são estrangeiros, não são?
- Somos, sim senhor
- respondi eu sem hesitar.
Então fazem favor de seguir
- no entanto garantem-nos
que esta viatura não é
carro do exército nem de combate.
Não senhor, tem a minha palavra
que este carro não pertence
ao exército ou à marinha.
- Podem seguir. - Muito obrigado senhor guarda.
No entanto para tornar o
acontecimento como oficializado,
o outro guarda escrevia num
canhenho besuntado
o número de matrícula do nosso carro.
AXL-478-GB.
Agora são lugares conhecidos:
Vila Nova de Cerveira, São Bento de Seixas,
Caminha, Moledo,
Âncora e Lord Snob
quase atingido por síncopes
lá vai andando na dificuldade do
seu tubo de escape.
Alto! Daqui para lá a terra é minha
- do cimo da Gelfa até ao farol de
Montedor estende-se aquela visão
espantada de amor e tranquilidade.
Lá ao fundo está o sargaço, sonho,
tempo de poesia e pôr-do-sol,
realidade abstracta à
custa de muitos sacrifícios domésticos.
Coisa grande que medíocres não percebem.
Proibidos todos os Vossas Excelências,
multa de cem colarinhos
peganhentos aos transgressores.
Afife já está no papo e mais dois quilómetros
andados para aparecer a beleza
da sereia dando voos e saltos
numa harmonia perpétua.
Tudo é presente de agora.
Sargaço é mais do que sonho
- aparece como vislumbre
perfeito de uma ideia
transportada ao mundo da fantasia.
- O nosso Marquês
ficou tão entusiasmado que avançou
pelo mato em doida correria
até se sentir encostado à casa.
Ficou de capota aberta a dessuar-se
Estava louco por ter terminado
esta viagem ao longo de tanta paisagem
e tanta costa numa procura contínua
ao sustentáculo da maior realidade para sonhar.
Houve uma chegada quase simbólica
- a Cidalina julgava que
vínhamos num carro do
outro mundo e que
os tacos de golfe eram metralhadoras.
Depois de acalmada pelas nossas
palavras de paz e conforto foi
preparar os pastelinhos de bacalhau
enquanto nós fomos a correr
por ali abaixo até à praia.
Precisávamos de nos abençoar
na água viril desta costa.
Que bonito tudo isto!
É dos lugares mais íntimos ao pé do céu
e só posso dar graças a Deus
de ter aqui chegado e pedir
sempre ao São Cristóvão
que me leve a bom destino.
Almoço alárvico.
Horas depois um começo de pôr-do-sol
que espantava os mais calmos
numa transição para quarto crescente
de Vénus à espreita
para nos constelar-mos em céu límpido.
Ah! Queria muitos destes dias de totalidade
para satisfazer os meus sentidos.
Afinal… viajar de táxi de Londres
ao Sargaço é uma coisa dentro
dos limites permitidos às forças humanas.
Tem classe, mesmo que os rafeiros
ladrem na sua alacridade acéfala.
P.V.P.Espanha: 19,20 €
Editor: Assírio & Alvim
Dimensões: 208 x 135 x 27 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 240
Sinopse
Há 25 anos, no dia 26 de Setembro,
desaparecia um dos grandes escritores
portugueses deste século:
Ruben A., pseudónimo de
Ruben Alfredo Andresen Leitão,
ficcionista, dramaturgo,
historiador,
com uma obra repartida
por dezenas de volumes,
do romance ao ensaio,
passando pela autobiografia,
conto e novela.
A editora Assírio & Alvim,
que edita a sua obra,
prepara-lhe uma homenagem
no Alto Minho,
em colaboração com a Câmara de Caminha,
ao mesmo tempo que
sai o V volume de "Páginas",
obra de reflexões,
vivências e impressões várias,
que o autor de "A Torre da Barbela"
foi escrevendo ao longo de anos,
com o humor fino que o
caracterizava e uma criatividade
ímpar na forma como jogava
com as palavras e os seus sentidos.
Os encontros e conversas com
os amigos, os poetas Ruy Cinatti,
Pedro Homem de Mello,
Sophia de Mello Breyner,
sua prima,
José Régio,
Miguel Torga,
o crítico João Gaspar Simões,
o "Gaspas",
o romancista brasileiro
José Lins do Rego,
a pintora Menez,
e tantos,
tantos outros.
"Páginas de casa" pelo
Minho de Carreço,
onde comprara a casa do Sargaço,
a serra d'Arga, Afife,
Viana, Ponte de Lima
(e a Torre de Barbela,
em Geraz do Lima,
onde tomou a decisão de
escrever o romance),
e também Coimbra,
Portalegre,
Porto ou Lisboa ...;
"páginas ambulantes"
por Londres, Oslo ou Roterdão.
Excerto:
"Dia 10.
Estou azabumbado.
Pedalo dentro da minha cabeça
e sai apenas uma bílis de má disposição.
A minha vida é um acidente de
terreno pouco elevado.
Esmigalho-me de vez em meses:
é cada notícia que me
alquebra os untos.
Fico-me por aqui a olhar os
bosques por onde caminha
o Cavaleiro da Barbela
a bordo do seu afamado Vilancete.
E sonho nas saudades monstras
que tenha da Barbela.
Sítio ímpar na Ribeira Lima,
solar da Torre,
albergando os mais
individualizados de cada século.
Quase me apaixono por
Madeleine Barbelat que
quer perscrutar da virgindade
do Cavaleiro antes
de regressar a Paris.
Depois ingresso novamente
na chatice da renda de casa
para pagar até ao dia 8,
do gás e da electricidade,
e eu sempre atento a apagar o
que se não deve estragar de dinheiro,
e o telefone a roubar-me por um
contador que não está em minha casa,
sou indefeso, imbecil,
parvo - ainda a água caudalosa
a chuvar-me o estremunhamento
para não falar no pesadelo
constante de padeiro, leiteiro,
carniceiro, canalizador.
Tudo que é novo em Portugal
precisa de ser arranjado,
então as canalizações já são construídas
entupidas de nascença.
Há tanto maquinismo de
que só fabricamos os abortos.
E medito que à borla só tenho
o ar e o dentista amigo que
é um homem bestial,
boémio dos tempos de Coimbra,
são de corpo e alma.
Ah! Como eu queria
bocejos à beira-mar.
Lisboa faz-me vómitos setembrais;
é a cidade mais egoísta do Ocidente.
Em Lisboa é tudo difícil.
Os braços caem-me pelas
pernas abaixo e a cabeça de tão
inclinada só olha pelos umbigos citadinos.
São feios os umbigos portugueses.
Têm pouca graça, parecem estrelas cadentes.
Toda a minha paixão vira-se
para umbigos de luxo que
me arranquem dessa monotonia
de contínuos problemas fiduciários."
desaparecia um dos grandes escritores
portugueses deste século:
Ruben A., pseudónimo de
Ruben Alfredo Andresen Leitão,
ficcionista, dramaturgo,
historiador,
com uma obra repartida
por dezenas de volumes,
do romance ao ensaio,
passando pela autobiografia,
conto e novela.
A editora Assírio & Alvim,
que edita a sua obra,
prepara-lhe uma homenagem
no Alto Minho,
em colaboração com a Câmara de Caminha,
ao mesmo tempo que
sai o V volume de "Páginas",
obra de reflexões,
vivências e impressões várias,
que o autor de "A Torre da Barbela"
foi escrevendo ao longo de anos,
com o humor fino que o
caracterizava e uma criatividade
ímpar na forma como jogava
com as palavras e os seus sentidos.
Os encontros e conversas com
os amigos, os poetas Ruy Cinatti,
Pedro Homem de Mello,
Sophia de Mello Breyner,
sua prima,
José Régio,
Miguel Torga,
o crítico João Gaspar Simões,
o "Gaspas",
o romancista brasileiro
José Lins do Rego,
a pintora Menez,
e tantos,
tantos outros.
"Páginas de casa" pelo
Minho de Carreço,
onde comprara a casa do Sargaço,
a serra d'Arga, Afife,
Viana, Ponte de Lima
(e a Torre de Barbela,
em Geraz do Lima,
onde tomou a decisão de
escrever o romance),
e também Coimbra,
Portalegre,
Porto ou Lisboa ...;
"páginas ambulantes"
por Londres, Oslo ou Roterdão.
Excerto:
"Dia 10.
Estou azabumbado.
Pedalo dentro da minha cabeça
e sai apenas uma bílis de má disposição.
A minha vida é um acidente de
terreno pouco elevado.
Esmigalho-me de vez em meses:
é cada notícia que me
alquebra os untos.
Fico-me por aqui a olhar os
bosques por onde caminha
o Cavaleiro da Barbela
a bordo do seu afamado Vilancete.
E sonho nas saudades monstras
que tenha da Barbela.
Sítio ímpar na Ribeira Lima,
solar da Torre,
albergando os mais
individualizados de cada século.
Quase me apaixono por
Madeleine Barbelat que
quer perscrutar da virgindade
do Cavaleiro antes
de regressar a Paris.
Depois ingresso novamente
na chatice da renda de casa
para pagar até ao dia 8,
do gás e da electricidade,
e eu sempre atento a apagar o
que se não deve estragar de dinheiro,
e o telefone a roubar-me por um
contador que não está em minha casa,
sou indefeso, imbecil,
parvo - ainda a água caudalosa
a chuvar-me o estremunhamento
para não falar no pesadelo
constante de padeiro, leiteiro,
carniceiro, canalizador.
Tudo que é novo em Portugal
precisa de ser arranjado,
então as canalizações já são construídas
entupidas de nascença.
Há tanto maquinismo de
que só fabricamos os abortos.
E medito que à borla só tenho
o ar e o dentista amigo que
é um homem bestial,
boémio dos tempos de Coimbra,
são de corpo e alma.
Ah! Como eu queria
bocejos à beira-mar.
Lisboa faz-me vómitos setembrais;
é a cidade mais egoísta do Ocidente.
Em Lisboa é tudo difícil.
Os braços caem-me pelas
pernas abaixo e a cabeça de tão
inclinada só olha pelos umbigos citadinos.
São feios os umbigos portugueses.
Têm pouca graça, parecem estrelas cadentes.
Toda a minha paixão vira-se
para umbigos de luxo que
me arranquem dessa monotonia
de contínuos problemas fiduciários."
P.V.P.Espanha: 19,20 €
Editor: Assírio & Alvim
Dimensões: 208 x 135 x 27 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 240
OFERTA ESPECIAL
Preço do Pack
38,50 €
Sinopse
Em 1949, Ruben A.,
ocupando o cargo de leitor em Londres,
no King’s College, publica o seu primeiro livro,
Páginas, na Coimbra Editora.
Neste livro, dedicado à pintora Menez
e ao seu marido,
o advogado Ruy Leitão,
discorre-se sobre a vida londrina,
apimentada com passeios
a Dorset e a Stratford-Upon-Avon,
sobre exposições de Van Gogh
e exibições da Fera Amansada;
sobre a visita realizada por
Ruben A. aos Estados Unidos;
o seu regresso temporário a casa,
e uma viagem à Suécia,
Dinamarca e Noruega.
Seguir-se-ão a este livro cinco
volumes de Páginas,
publicados ao longo
de vinte e um anos,
e nos quais se traça o retrato de uma época,
de um regime, e de algumas
figuras brilhantes
que viviam em Portugal na altura.
Simultaneamente, à medida
que a leitura destas páginas
vai progredindo,
verifica-se o amadurecimento do estilo
e pensamento de Ruben A.,
um dos escritores mais
interessantes do século XX em Portugal.
ocupando o cargo de leitor em Londres,
no King’s College, publica o seu primeiro livro,
Páginas, na Coimbra Editora.
Neste livro, dedicado à pintora Menez
e ao seu marido,
o advogado Ruy Leitão,
discorre-se sobre a vida londrina,
apimentada com passeios
a Dorset e a Stratford-Upon-Avon,
sobre exposições de Van Gogh
e exibições da Fera Amansada;
sobre a visita realizada por
Ruben A. aos Estados Unidos;
o seu regresso temporário a casa,
e uma viagem à Suécia,
Dinamarca e Noruega.
Seguir-se-ão a este livro cinco
volumes de Páginas,
publicados ao longo
de vinte e um anos,
e nos quais se traça o retrato de uma época,
de um regime, e de algumas
figuras brilhantes
que viviam em Portugal na altura.
Simultaneamente, à medida
que a leitura destas páginas
vai progredindo,
verifica-se o amadurecimento do estilo
e pensamento de Ruben A.,
um dos escritores mais
interessantes do século XX em Portugal.
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