terça-feira, 22 de março de 2011

ANTÓNIO MEGA FERREIRA


António Mega Ferreira

António Mega Ferreira nasceu em Lisboa em 1949. Estudou no Liceu Pedro Nunes e formou-se em Direito na Universidade de Lisboa. Estudou Comunicação Social na Universidade de Manchester. Iniciou-se no jornalismo em 1968 no Comércio do Funchal, tendo sido profissional a partir de 1975, no Jornal Novo, Expresso, ANOP e RTP, onde chefiou a redação do 2º canal e foi apresentador do Informação/2. Autor e apresentador de programas de televisão, foi ainda redator de O Jornal e chefe de redação do JL, jornal de letras, artes e ideias. Diretor Editorial do Círculo de Leitores entre 1986 e 1988, fundou e foi o primeiro diretor da revista Ler. Membro da Comissão dos Descobrimentos a partir de 1988, fundou a revista Oceanos e dirigiu a campanha de promoção de Lisboa como cidade candidata à Exposição Internacional de 1998. Foi comissário executivo da Expo'98 e administrador da Parque Expo, Oceanário de Lisboa e Pavilhão Atlântico. Foi presidente do Conselho de Administração da Parque Expo (1999-2002). Dirigiu a representação de Portugal como País-Tema da Feira do Livro de Frankfurt de 1997. Foi, desde 1986, cronista regular de diversas publicações, entre as quais: Diário de Notícias, O Independente, Expresso, Diário Económico e Público. Atualmente, é colaborador permanente das revistas Visão e Egoísta. Iniciou a sua carreira literária em 1984, tendo publicado obras de ficção, poesia e ensaio: "Graça Morais, Linhas da Terra" (ensaio), 1984; "O Heliventilador de Resende" (ficção), 1985; "Fernando Pessoa, o Comércio e a Publicidade" (ensaio e antologia), 1985; "As Caixas Chinesas" (ficção), 1988; "As Palavras Difíceis" (ficção), 1991; "Os Princípios do Fim" (poesia), 1992; "Os Nomes de Europa" (ensaio), 1994; "A Borboleta de Nabokov" (crónicas), 2000; "A Expressão dos Afetos" (ficção), 3ª edição, 2001. A novela "Amor"é o seu décimo título. Atualmente, prepara a tradução comentada de "A Ilha do Tesouro" de Robert Louis Stevenson e "Macedo, uma história portuguesa da infâmia" (biografia).


PVPESPANHA: 13,00 €

(mesmo preço de Portugal)

Sinopse
Depois de concluída a sua missão na Expo 98, António Mega Ferreira prometeu que iria dedicar-se à escrita. E, como afirmava ao JL (15/10/03), está "a cumprir, com todo o prazer e alegria". Já lá vão um livro de contos, " A Expressão dos Afectos", ao qual foi atribuído o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco 2002, uma novela, "Amor", um livro que reúne textos sobre Camilo, Pascoaes, Borges, Yourcenar, etc., "Retratos de Sombra", e uma selecção de textos e desenhos de Pascoaes (sobre o qual organizou uma magnífica exposição no cinquentenário da sua morte e prepara uma fotobiografia a ser publicada ainda este ano), "Anjos e Fantasmas".
Chega agora "O Que Há-de Voltar a Passar", um livro de carácter fragmentário, que se vai construindo a si próprio, e que é também "o mais pessoal dos [seus] livros" (JL, ib.). Isto, apesar de o autor afirmar que não se pode confundir com o narrador, isto é, com tudo aquilo que o narrador pensa. É um 'work in progress', onde o narrador tem como interlocutor Jano, o deus das duas cabeças (que, por isso, pode olhar para trás e seguir em frente), onde há uma forte tentação pelo aforismo (há mesmo um texto que se chama 'Pequena teoria do aforismo', que, como dizia Goehte, citado pelo autor na mesma entrevista, "mesmo quando só parece divertido", [...]é mais do que isso, é algo que nos põe a pensar, levanta uma dúvida").
O Que Há-de Voltar a Passar de António Mega Ferreira


Excerto

O QUE HÁ-DE VOLTAR A PASSAR



Je sais qu'ici il ne se passe rien, il ne passe personne. Mais moi-même, il y a des moments où je me mets à fixer le tournant de la route malgré moi.

Julien Gracq



À distância, para lá da curva da estrada, ladrou um cão. Às vezes, depois (quanto tempo depois?), a figura de um homem parecia recortar-se na decadência do dia. Era quase como se fosse noite. Aproximava-se, talvez, mas como se estivesse imóvel, sempre caminhando, ligeiramente inclinado para a frente, é talvez o peso de qualquer coisa que traz atravessada sobre os ombros (uma mochila? um molho de lenha? um animal doente?). Finquei os cotovelos na janela, a voz da minha mãe gritou qualquer coisa na cozinha, o homem, imagino, continua a avançar com uma regularidade inquietante, a mão direita segurava um volume (uma trouxa? um fardo? um saco de viagem?). Observava-o fixamente, cravava nele o olhar querendo surpreender-lhe o traço de um sobressalto, teria medo de mim?, pergunto-me, mas eu, o que fica, o que se debruça da janela para ver quem passa, seria temível? Poderia dizer-se que inspirava receio a alguém? Mais perto de mim, agora mais perto, o homem não fazia nada, apenas caminhava, era um movimento quase mecânico, somente a figura se movia, podia não ser um homem, ou ninguém, apenas uma forma por dentro da noite, traz no rasto uma matilha de cães indiferentes, ele aos cães, e eu debruço-me sobre a obscuridade, gostaria de a poder afastar como uma cortina, ficar de dentro com a mão a segurar as pregas, a ver, lá fora, o homem que vai a passar. Então, quando chegava em frente da janela, havia um brusco momento de pânico. Eu recuava dois passos, metia-me para dentro, o homem passava, sem me ver, sem olhar para mim, e era essa estranha indiferença que me apavorava, todos os dias, à mesma hora, porque todas as coisas passam sem nos ver, e nós a elas, sabemos que estão ali e gostaríamos de as ter para nós, evidentemente vistas, mas as coisas são alheias, tudo será apenas o rasto do que passou e a secreta esperança de que volte a passar, para uma vez mais percebermos que não conseguimos ver o que julgamos conhecer de cor. Mesmo vasculhando na memória, não consigo dizer se era de noite ou de dia o tempo que o homem levava a passar. Mas é sobre um fundo escuro que melhor imagino os seus gestos, o ladrar dos cães, o volume sobre os ombros, o chapéu caído sobre os olhos. De noite, é quando o vejo melhor.


 

PVPESPANHA: 10,00 €

(mesmo preço de Portugal)

Sinopse
«O Tempo Que Nos Cabe» é o primeiro livro de poesia de António Mega Ferreira editado pela Assírio & Alvim.
O Tempo que nos Cabe de António Mega Ferreira

Excerto

O TEMPO QUE NOS CABE (AINDA)
É dentro da cabeça,
lá dentro,
que o tempo nos consome
e nos faz falta.
Não há chuva morna
nem sol
que nos aqueça, quando
nos falta o sopro,
a luz, a cega fé que nos mantém
despertos, quando
por fora, o corpo
já anuncia a noite
mais profunda.
Por isso,
é dentro da cabeça,
cá dentro,
para lá dos céus,
antes que o mar termine,
nesta imensa confusão
de meridianos
que nos dói e nos deslumbra,
que se aloja o segredo
indecifrável:
a cor, o som, a luz
que nos conforta,
neste intensamente breve
instante
que é o tempo que nos cabe.
(p. 65)




PVPESPANHA: 10,00 €

(mesmo preço de Portugal)






PVPESPANHA: 18,00 €

(mesmo preço de Portugal)

Sinopse
Este livro pretende iluminar alguns aspectos da vida prática de Fernando Pessoa, que, prisioneiro de uma grafomania ímpar na nossa história literária, deixou também testemunho escrito das muitas actividades com que tentou, com sucesso desigual, sobreviver.
Porque um poeta, mesmo genial, é «quotidiano e tributável«, e nessa forçada mediania é que se cumpre uma vida, quando falha o apelo dos oceanos distantes ou o empolgamento das aventuras exóticas. Para isso, para que a sua existência se prolongue por 47 anos, é necessário que disponha de meios de subsistência — é necessário fazer pela vida.

Críticas de imprensa
"Ora aqui está um proveitoso e adequado livrinho para temperar os lugares-comuns grandiloquentes que estão sempre prontos a assaltar o leitor incauto e até o cauto quando se trata de Fernando Pessoa. Ainda por cima em semana comemorativa do seu passamento."
M. S., Público

Editor: Assírio & Alvim


Dimensões: 203 x 143 x 24 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 224





PVPESPANHA: 9,00 €

(mesmo preço de Portugal)



Sinopse

Depois do sucesso de "A Expressão dos Afectos" (já vai na 3º edição num ano), António Mega Ferreira regressa com um novo livro, a novela "Amor".

Que coisa é o amor, tema eterno que apaixona artistas e escritores? Que apaixona os leitores. O "valor supremo de um horizonte onde só se divisa a felicidade. Dizia a palavra, ou murmurava-a por dentro do coração e era como se tudo se iluminasse na aurora de um futuro inextinguível, de uma beatitude alcançável, ou, pelo menos, de um objectivo estimulante pelo qual valia a pena lutar, antes de tudo, apesar de tudo" como diz o jovem narrador da novela?

Ou, como dizia Winnie, por quem ele se apaixona: " 'o amor é o nom de plume de outra coisa qualquer'; mas, pura e simplesmente, nunca chegamos a saber que coisa é essa. Por isso, é melhor chamar amor ao amor."

Ler para ver. Perceber. Perceber? Baralhar e voltar a dar. É assim o amor


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