terça-feira, 29 de março de 2011

ALMADA NEGREIROS


José Sobral de Almada Negreiros GOSE (Trindade, 7 de Abril de 1893 — Lisboa, 15 de Junho de 1970) foi um artista multidisciplinar, pintor, escritor, poeta, ensaísta, dramaturgo e romancista português ligado ao grupo modernista. Também foi um dos principais colaboradores da Revista Orpheu.
Vida

Era filho de António Lobo de Almada Negreiros Boff, um tenente de cavalaria que foi administrador do Concelho de São Tomé e fundador de diversos jornais. Uma parte da sua infância foi passada em São Tomé e Príncipe, terra natal da mãe, Elvira Freire Sobral Bristot.
Depois da morte da mãe, em 1896, foi viver em Portugal; nesta altura, em 1900, o pai é nomeado encarregado do Pavilhão das Colónias na Exposição Universal de Paris, deixando os filhos José e António ao cuidado dos jesuítas no Colégio de Campolide.
Em 1911, após a extinção do Colégio de Campolide dos Jesuítas e uma breve passagem pelo Liceu de Coimbra, José entra para a Escola Internacional de Lisboa. Nesta escola, consegue um espaço onde irá desenvolver o seu trabalho, publicando, ainda nesse ano, o seu primeiro desenho na revista A Sátira. Publica também o jornal manuscrito A Paródia, onde é o único redactor e ilustrador.
Em 1913, apresenta, na Escola Internacional de Lisboa, a sua primeira exposição individual, composta de 90 desenhos; aqui trava conhecimento com Fernando Pessoa, com quem edita a Revista Orpheu, juntamente com Mário de Sá Carneiro.
Júlio Dantas, médico, poeta, jornalista e dramaturgo, é a maior figura da intelectualidade da época e afirma que a revista é feita por gente sem juízo. Irónico, mordaz, provocador mesmo, Almada responde com o Manifesto Anti-Dantas, onde escreve: "…uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d’indigentes, d’indignos e de cegos, e só pode parir abaixo de zero! Abaixo a geração! Morra o Dantas, morra! Pim!".
O manifesto teve algum impacto no meio artístico; é tempo de mudar as mentalidades e a sociedade, e Almada fá-lo como poucos, atacando a cultura burguesa instituída e os seus representantes ao mais alto nível.
Em 1917, escreve a novela A Engomadeira.
Em 1919, vai viver para Paris, onde exerce diversas actividades e escreve a Histoire du Portugal par coeur. Em Paris, fica apenas cerca de um ano e, quando regressa, vai colaborar com António Ferro, tendo inclusivamente desenhado a capa do livro deste, Arte de Bem Morrer. Faz também as capas da revista Presença, números 47 e 54.
Em 1927, volta a deixar Portugal, desta vez para Espanha, onde, além de colaborar com diversas revistas, escreve El Uno, Tragédia de la Unidad, obra dedicada à pintora Sarah Afonso, com quem viria a casar em 1934, já após o seu regresso a Portugal.
Em Portugal, vigora já o Estado Novo, e Almada, apoiante das ideias fascistas por influência do Futurismo italiano, começa a ser solicitado para colaborar com as grandes obras do Estado. O Secretariado da Propaganda Nacional – SPN, encomenda-lhe o cartaz de apelo ao voto na nova constituição; o mesmo SPN irá organizar mais tarde a exposição Almada – Trinta Anos de Desenho, convidando-o para se apresentar na exposição Artistas Portugueses, no Rio de Janeiro, em 1942.
Segundo refere Fernando Dacosta na sua obra Máscaras de Salazar (Lisboa, 2002), Almada Negreiros venerava o ditador António de Oliveira Salazar, Presidente do Conselho. Num espectáculo a que este assistiu no Teatro de S. Carlos, em Lisboa, Almada fez questão de o cumprimentar em pessoa. Salazar, que não simpatizava particularmente com ele, limitou-se a perguntar, em tom enfadado: «É o Sr. Almada?», e Almada Negreiros respondia, subservientemente: «Sou sim, Senhor Presidente. Muita honra, Senhor Presidente.»
Para a apreciação da controversa figura de Almada Negreiros, é útil recordar o seu seguinte escrito, igualmente citado por Fernando Dacosta: «Portugal é um país de pretos [...]. Portugal, uma resultante de todas as raças do mundo, nunca conseguiu a vantagem de um cruzamento útil porque as raças belas isolaram-se por completo. É preciso criar a adoração dos músculos, é preciso educar a mulher portuguesa na sua verdadeira missão de fêmea para fazer homens. Fazei a Apoteose dos Vencedores, seja qual for o sentido, basta que sejam vencedores. Ajudai a morrer os vencidos. Portugal não tem ódios, ora uma raça sem ódios é uma raça desvirilizada.» Note-se que o autor destas afirmações – que, sem exagero, podemos considerar evocadoras do ideário nazi – tinha sangue negro (por parte da mãe).
O SPN viria ainda a atribuir a Almada Negreiros o Prémio Columbano pela sua tela intitulada Mulher.
A partir daqui, Almada dedica-se principalmente ao desenho e à pintura: pinta os vitrais da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, que o público, agarrado às tradições, não aprecia; pinta o conhecido retrato de Fernando Pessoa, os painéis das gares marítimas de Alcântara e da Rocha Conde de Óbidos, pelas quais recebe o Prémio Domingos Sequeira; pinta o Edifício da Águas Livres e frescos na Escola Patrício Prazeres; pinta as fachadas dos edifícios da Cidade Universitária e faz tapeçarias para o Tribunal de Contas e para o Palácio da Justiça de Aveiro, entre muitos outros.
Tendo colaborado tanto com o Estado Novo que a muita gente causou estranheza, Almada não deixaria de escrever: "As construções do Estado multiplicam-se, porém, as paredes estão nuas como os seus muros, como um livro aberto sem nenhuma história para o povo ver e fixar".
Em 1954, pinta o célebre retrato de Fernando Pessoa.
Os seus últimos trabalhos, já com 75 anos, são o Painel Começar na Fundação Calouste Gulbenkian e os frescos da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra.

Pinta também o seu célebre quadro «as mulheres amam-se» que apresenta duas mulheres a acariciarem a vagina uma da outra, e tem como fundo um bonito campo em S. Tomé.

Almada Negreiros morre em 15 de Junho de 1970, de falha cardíaca, no mesmo quarto do Hospital de São Luís dos Franceses em que também tinha morrido Fernando Pessoa.






Obras

1915 - «Frizos» in Orpheu vol. 1, pp. 51-59 (prosas)
- A Cena do Ódio (poesia)
- A Engomadeira (novela)
- O Sonho da Rosa (bailado, realização)
- Manifesto Anti-Dantas e Por Extenso 

1916
- Exposição Amadeo de Souza Cardoso - Liga Naval de Lisboa
- Litoral
1917
- Ultimatum às Gerações Futuristas Portuguesas do Século XX (conferência, publicada na Portugal Futurista)
- K4, O Quadrado Azul (novela) 

1918
- O Jardim da Pierrette (bailado)
1919
- Histoire du Portugal par Coeur
1921
- A Invenção do Corpo (conferência)
- A Invenção do Dia Claro
1924
- Pierrot e Arlequim (teatro)
1925
- Nome de Guerra (romance), só editado em 1938
1926
- A Questão dos Painéis (ensaio)
Ligações externas

Obras de José de Almada Negreiros no Projecto Gutenberg
A Cena do Ódio (poema)
Manifesto Anti-Dantas e Por Extenso
Canção da Saudade (poema)
Entrevista no Programa Zip-Zip em 1969
Retrato de Fernando Pessoa
Auto-retrato com o grupo da Brasileira
Auto-retrato
Almada Negreiros - Vidas Lusófonas
Almada Negreiros - set de imagens no Flickr
O mestre e a cidade que o adoptou - Visita, por Lisboa, das obras de Almada Negreiros
cronologia


P.V.P.ESPANHA: 14 €

(mesmo preço de Portugal)

Sinopse
“Nome de Guerra”, escrito em 1925, é o romance de iniciação de um jovem provinciano proveniente de uma família abastada. Quando o tio de Luís Antunes o envia para Lisboa, ao cuidado do seu amigo D. Jorge (descrito como “bruto como as casas e ordinário como um homem”), com o propósito de o educar nas “provas masculinas”, não imaginava o desenlace de tal aventura. Apesar de, na primeira noite, D. Jorge ter ficado convencido da inutilidade dos seus préstimos, Antunes concluiu que o “corpo nu de mulher foi o mais belo espectáculo que os seus olhos viram em dias de sua vida”, decidindo-se a perseguir Judite. Esta “via perfeitamente que o Antunes não estava destinado para ela”, mas “não lhe faltava dinheiro e dinheiro é o principal para esperar, para disfarçar, para mentir a miséria e a desgraça”.Assim se inicia a história de Luís Antunes e Judite, que terminará com a prodigiosa e desconcertante frase, “não te metas na vida alheia se não queres lá ficar”.



P.V.P.ESPANHA: 18 €

(mesmo preço de Portugal)


P.V.P.ESPANHA: 16,50 €

(mesmo preço de Portugal)

Sinopse
«A Invenção do Dia Claro. Escripta de uma só maneira para todas as espécies de orgulho, seguida das démarches para a Invenção e acompanhada das confidencias mais intimas e geraes. Ensaios para a iniciação de portuguezes na revelação da pintura. Com um retrato do autor por elle-proprio»




P.V.P.ESPANHA: 21,00 €

(mesmo preço de Portugal)


Desenhos célebres do poli-facetado ALMADA NEGREIROS



P.V.P.ESPANHA: 28 €

(mesmo preço de Portugal)

Sinopse

Apresentam-se neste volume a totalidade dos Manifestos e Conferências enunciados por José de Almada Negreiros, desde os mais conhecidos, como o Manifesto Anti-Dantas, até diversos fragmentos pouco conhecidos do público em geral. Para uns e outros, o cuidado colocado na edição deste livro foi de um rigor exemplar, corrigindo erros crónicos das anteriores edições de obras de Almada. No final, um posfácio contextualiza toda esta edição.




José de Almada Negreiros

Nascido em São Tomé em 1893, viveu em Portugal e revelou-se como um artista e um escritor polifacetados: artista plástico, poeta, ensaísta, romancista e dramaturgo, ligou-se em 1913 ao grupo modernista. Utilizou sempre uma linguagem considerada mais elementar que a do seu desenho e construiu a sua obra literária por entre tensões - dividido entre a intuição e a análise, entre a vocação poética e o espírito ensaístico. Em todas estas manifestações criativas mostrou sempre uma grande capacidade de invenção.
Com Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, formou o grupo da revista Orpheu, tendo mais tarde lançado a revista Sudoeste e promovido uma série de conferências. Sempre desejou que a produção artística se orientasse pela linha de renovação dos países já animados do espírito europeu - o que pode explicar a tendência provocatória de alguns dos seus manifestos (com destaque para o conhecido Manifesto Anti-Dantas) e o ter participado e fomentado muitas das manifestações culturais realizadas no seu tempo em Portugal. Ao nível da prosa literária, deve-se destacar o seu romance Nome de Guerra.
Faleceu em 1970 em Lisboa.






Fotografia de Grupo ALMADA NEGREIROS



Desenhos célebres do poli-facetado ALMADA NEGREIROS




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