domingo, 16 de janeiro de 2011

UMA VIAGEM PELO FADO (por uma aluna de Filologia Portuguesa da UEX)

 Língua Portuguesa III. UEX Cáceres 2010/2011

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UMA VIAGEM PELO FADO


O fado, a alma do povo português

Muitas vezes já se tem dito que o fado é a alma do povo português. É a música popular que melhor representa a personalidade lusa, a sua saudade, o seu canto infinito aos sonhos perdidos. É, também, o som que invade as ruas de Lisboa onde o fado mora em cada prédio, em cada loja, em cada um dos olhares dos homens e mulheres que pisam o seu chão.

Origem da palavra

A palavra fado vem do latim “fatum” que significa destino. O fado português fala de destinos, mas de destinos trágicos, amores impossíveis, causas perdidas...

Origem histórica

Esta expressão musical surge em Lisboa no Século XIX. Muitas são as teorias sobre a sua origem. Algumas referem que o fado tem origem árabe, outras que a sua origem é brasileira (modinhas), ainda há outras que defendem a ideia de que foram os marinheiros os que começaram a cantar fados nos barcos, nas partidas e chegadas dos cais portugueses. Para outros estudiosos o fado nasce mesmo do povo lisboeta que exprime através desta música os seus sentimentos.

Evolução de fado

Durante a primeira metade do século XIX o fado esteve associado às classes mais baixas da sociedade. Era cantado em tabernas e as suas letras falavam dos temas que preocupavam a este estrato da população lisboeta: a saudade, o ciúme, os touros...
Foi na segunda metade quando as classes altas da sociedade entram a formar parte do mundo do fado. Estas pessoas entram em contacto com o fado atraídos pelo “proibido”, pelo mistério que envolvia esta música.
(O fado era condenável aos olhos da Igreja, que desde cedo, tentou impedir a evolução desta música).
É assim como o fado começa a ser valorizado e enriquecido com letras compostas por homens letrados transformando as letras rudimentares em composições mais elaboradas.
Ao passar da década de 1880, o fado torna-se assíduo dos salões aristocráticos.

A primeira fadista de que se tem conhecimento é Maria Severa. Cigana e prostituta, cantava e tocava a guitarra nas ruas da Mouraria. Era amante do Conde de Vimioso e o namoro entre ambos é tema de alguns fados.

A primeira fadista com presença internacional foi Ercília Costa, uma artista quase esquecida.

Durante a ditadura de Salazar não eram permitidas as letras que falassem de problemas sociais ou políticos, que estavam sujeitas à censura. Aos artistas do fado (fadistas e instrumentistas) era exigida uma licença para cantar e tocar fado.

Os temas permitidos eram os referentes à saudade, os touros, amores impossíveis que acabavam de maneira trágica...

O fado moderno iniciou-se e teve o seu apogeu com Amália Rodrigues, na década de 50. Foi ela quem popularizou fados com letras de grandes poetas como Camões, José Régio...
Amália Rodrigues ficaria para a história como a maior fadista de todos os tempos.



A guitarra portuguesa

A guitarra portuguesa tem seis cordas duplas de aço esticadas sobre um cavalete móvel de osso.
Há dois tipos fundamentais de guitarra portuguesa: a de Lisboa e a de Coimbra.
As suas diferenças estão no tamanho do corpo e escala, mas fundamentalmente na tonalidade.
As guitarras de Coimbra usam um tom abaixo.

A nova geração do fado

Camané, Mafalda Arnauth, Misía e Mariza são alguns dos novos nomes do fado. Nos últimos dez anos o fado tem-se renovado muito: novos instrumentos, novas formas de compor, incorporação de letras de escritores portugueses contemporâneos...
Mariza é o expoente máximo desta nova geração de fadistas. A sua maneira de exprimir o fado tem levado por todo o mundo a alma de Portugal.

Mas o fado dito “típico” continua sendo cantado para os turistas nas “Casas de Fado”. As casas de fado mais famosas encontram-se em Alfama, Mouraria, Bairro Alto e Madragoa, continua no entanto a existir, tabernas, e locais populares, onde o fado se canta de forma quase original e espontânea.

Fado de Coimbra

 Este variedade de fado, cantado somente por homens, está muito ligado as tradições académicas da Universidade de Coimbra. Os músicos e cantores usam o traje académico: calças e batina pretas, cobertas pela capa, também preta.
Canta-se à noite nas ruas da cidade. Os locais mais típicos são as escadarias do Mosteiro de Santa Cruz e da Sé Velha. Também se organizam serenatas.
A afinação da guitarra em Coimbra faz-se de forma diferente à de Lisboa, pois as cordas são afinadas um tom abaixo. Os temas mais comuns neste fado são: os amores estudantis, a cidade de Coimbra... Curioso é o facto de não se aplaudir o fado de Coimbra.



Museu do Fado

O Museu do Fado abriu as suas portas ao público a 25 de Setembro de 1998.
O Museu integra diferentes serviços: Escola do Museu, centro de documentação, auditório, circuito expositivo permanente e temporário... todos eles na procura do cumprimento dos seus objectivos de preservação e conservação do fado, promovendo o conhecimento desta música.


“O que interessa é sentir o fado.
Porque o fado não se canta, acontece.
O fado sente-se, não se compreende, nem se explica”.

                                                                                             Amália Rodrigues


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