sábado, 12 de fevereiro de 2011

RUBEN A.


RUBEN A.
Ruben Alfredo Andresen Leitão nasceu em Lisboa a 26 de Maio de 1920, vindo a morrer em Londres a 26 de Setembro de 1975. Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas pela Universidade de Coimbra, foi professor do ensino secundário, leitor no King’s College, Universidade de Londres, entre 1947 e 1952, e funcionário da Embaixada do Brasil entre 1954 e 1972, ano em que foi nomeado Administrador da Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Em finais de 1974 tornou-se Director-Geral dos Assuntos Culturais do Ministério da Educação e Cultura, cargo que deixou ao fim de alguns meses, ao aceitar o convite para ser professor associado da Universidade de Oxford. Ficcionista, dramaturgo, historiador, crítico literário e divulgador cultural, a sua obra reparte-se por dezenas de volumes que vão do romance ao ensaio, passando pela autobiografia, pelo conto e pela novela. Dotado de um fino humor e utilizando uma prosa de vanguarda, Ruben A. constitui um caso ímpar na literatura portuguesa pela escolha de temas, o arrojo do estilo e a originalidade do discurso.

Obra

  • Triálogo
  • Júlia
  • Relato 1453
  • Caranguejo (romance, 1954)
  • Cores (contos, 1960)
  • Cartas de D. Pedro V aos seus Contemporâneos (1961)
  • A Torre da Barbela (romance, 1965)
  • O Outro que era Eu (1966)
  • O Mundo à Minha Procura (1964, 1966 e 1968)
  • Páginas (seis diários publicados em 1949, 1950, 1956, 1960, 1967 e 1970)
  • Silêncio para 4 (novela, 1973)
  • Kaos (romance, 1982).





P.V.P.Espanha: 19,80€
Editor: Assírio & Alvim

Dimensões: 136 x 210 x 20 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 352

Sinopse
Todas as tardes, ao cair do crepúsculo, 
no momento em que termina 
a visita dos turistas à Torre da Barbela, 
edificada 
por Dom Raymundo da Barbela, 
com trinta e dois metros
 de altura e classificada como 
monumento nacional
 por ser a única torre triangular 
da Península, 
os Barbela ressuscitam, 
trazendo consigo ódios e amores 
de outras épocas.
Em volta da Torre transfigurada 
reúnem-se 
os parentes modernos e 
antigos da família, 
"primos vestidos em séculos diferentes 
e com bigodes conforme a época".
 Entre eles contam-se 
Dom Raymundo, 
poeta e primo de Dom Afonso Henriques, 
ao lado de quem combateu 
contra os leoneses; 
o Cavaleiro de aventuras, 
que percorre os montes com Vilancete, 
grande garrano da Ribeira de Lima, 
e seguido por Abelardo, 
o falcão que o auxilia na caça; 
a linda D. Mafalda, 
cujo formato dos vestidos copia 
os modelos de Watteau e Fragonard
 e se corresponde com Beckford; 
a princesa Brites, 
célebre no século XIX;
 Madeleine, 
"prima que veio de Paris cheia de cores";
 Frey Ciro, 
o santo da família, 
e a bruxa de São Semedo.
A Torre da Barbela 
conta-nos as ironias
 de oito séculos de paixão por enguias
 fumadas e do amor entre o Cavaleiro 
mais lendário do mundo e a 
sua prima francesa, 
de pessoas que só sabem
 falar da véspera ou 
do que já passou e de um local onde
 é difícil fazer qualquer 
coisa que não esteja estabelecida 
há quatrocentos anos. 
Este romance
 foi publicado em 1964 e conheceu 
três edições em vida do autor
 e uma reedição, pela editora 
Presença, em 1983.
 Foi distinguido 
com o prémio Ricardo Malheiros, 
da Academia de Ciências de Lisboa.


P.V.P.Espanha: 9,80 €
Sinopse
"D. Branca morava no Porto, 
na Rua da Cedofeita,
 e do seu passado ou,
 melhor dizendo,
 das suas experiências coloridas
 com um estudante republicano, 
nada se sabe. 
Por detrás da "mesa pé-de-galo, 
contando as pancadas de outro mundo
 batidas no soalho pela vizinha", 
encontra-se o vidente
 senhor Roxo,
 educado por padres e irmãos leigos
 e autor de obras
 sobre sangrias e receitas famosas 
de boticário. 
Amarelo é o sorriso suspenso 
de todos os espectadores da peça teatral 
com mais sucesso no País. 
Com sangue azul e alguns danos 
na sua personalidade 
ficará o novo visconde, 
depois de ter pago 
principescamente a um fidalgo falido
por uma transfusão sanguínea. 
Num dia cinzento de chuva, 
estando os Pardos que 
nem gatos pingados,
 comemora-se a fundação
 dos ilustres e distintos Pardos de Portugal
. Problemas tem o solitário Vermelho 
por corar quando alguém mente,
 mas talvez, depois de um sonho colorido, 
este consiga encontrar a sua cara metade."

Este conjunto de contos, 
escritos por Ruben A. 
e publicados em 1960,
 têm em comum o facto 
de a cada cor corresponder uma história. 
Cores é um livro divertido, 
cáustico e por vezes impiedoso.

P.V.P.Espanha: 11,55 €

Editor: Assírio & Alvim

Dimensões: 332 x 442 x 301 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 132



P.V.P.Espanha: 9,80 €


Sinopse
De um encontro casual resultará 
o casamento 
daqueles que ficarão 
sempre estranhos. 
"Ela" ignorava, numa total inocência, 
que essa união viria a ser a sua tragédia,
 pois representaria "a aceitação patética 
da vida num meio alimentado 
apenas pela convenção". 
"Ele" vive excluído do sonho,
 "mais que tudo o dinheiro
 atrai-o no íntimo",
 "dinheiro para guardar, 
dinheiro para o sentir
 na carteira e contar as notas de vez
 em quando".
 "Ela", por seu lado, 
dormirá sem sonhar, 
na solidão 
do quarto de casal onde recebe
 as suas visitas 
de quando em quando.
Ao contrário de "Ele",
 incapaz de chegar mais cedo
 a casa ou de lhe comprar um presente, 
"Este" gostaria de a ver diariamente, 
de saber o que "Ela" pensa, 
de ter pequenas conversas de amor.
 Ama-a desde que se conhece, 
mas nunca se conseguiu declarar, 
vivendo na solidão de a ver com "Ele". 
"Este" teve uma amante,
 "Aquela", a que sempre 
ambicionou fazer
 um bom casamento, que lhe permitisse
 ir às modistas parisienses
 e ter um carro, 
mas de quem nunca gostou.
Caranguejo, escrito do fim 

para o princípio
 e sem numeração de páginas, 
foi editado em 1954, sendo considerado
 o primeiro livro ficcional 
de Ruben A.. 
É um texto único em que,
 ao andarmos para trás,
 traçamos o percurso destas 
personagens sem nome.


P.V.P.Espanha: 22 €



Sinopse
Romance póstumo do autor de 
“A Torre de Barbela”,
 será romance inacabado
 ou primeiro volume de uma série 
de quatro (mas independente)
 que o autor tinha na cabeça 
quando a morte o surpreendeu em Londres, 
corria o ano de 1975? 
Ultrapassemos essa questão
 e atentemos no que disse 
Ruben-ele-mesmo 
em carta a Liberto Cruz 
(responsável por esta edição e
 pela publicação da Obra Completa
 do autor de 
“O Mundo à Minha Procura”): 
esta é a “minha obra máxima”.
Liberto Cruz descreve a obra assim,
 no prefácio a esta edição:
“Conquanto na sua carta de 17 de Outubro 
de 1974 Ruben A.
 escreva que ‘este KAOS vai de 1900 
a mais ou menos 1916’, 
é forçoso dizer que os seus horizontes 
não são tão limitados. Pelo contrário.
 Como diz acertadamente
 Vasco Pulido Valente:
 ‘O Kaos é aparentemente a República. 
Mas também é 1820, 
o liberalismo, a revolução, 
Portugal.’ 
E é também, acrescento eu,
 o 25 de Abril de 1974 
contado através da história 
da nossa Primeira República.
 O presente vivido pelo escritor 
relatava
 os acontecimentos contados 
pelo historiador. 
O conhecimento do passado 
contribuía para 
melhor entender a actualidade e para melhor
 compreender o fim da Monarquia. 
Afinal Brito Camacho
 parecia não ter exagerado ao 
dizer que só as moscas
 eram diferentes.” 

“ [..] trata-se de um grande romance, 
onde as trapalhadas pátrias 
são pretexto para uma ironia 
incomum nas letras portuguesas, 
subtraídos Eça, Almada,
 O’Neill e poucos mais.[...]
 Mas o que faz a delícia maior 
deste romance é, 
sem dúvida,
 a sua actualidade. 
Portugal,
 ‘esse lugar mal frequentado’ 
de que falava Eça, 
expõe em ‘Kaos’ os seus rídículos, 
de ontem e de hoje.”
Ana Cristina Leonardo, 
Expresso, Actual, 30/08/07
Críticas de imprensa
" [..] trata-se de um grande romance, 
onde as trapalhadas pátrias são
 pretexto para uma ironia incomum
 nas letras portuguesas, subtraídos Eça, 
Almada, O'Neill e poucos mais.[...] 
Mas o que faz a delícia maior 
deste romance é,
 sem dúvida, a sua actualidade.
 Portugal, 'esse lugar mal frequentado' 
de que falava Eça, 
expõe em 'Kaos' os seus rídículos, 
de ontem e de hoje."
Ana Cristina Leonardo, Expresso,
 Actual, 30/08/07



P.V.P.Espanha: 19,80 €
Editor: Assírio & Alvim


Dimensões: 208 x 135 x 27 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 240

Sinopse
«… Num rasgo de audácia comecei o KAOS, 
mas ficou parado, 
preciso de arrancar novamente, 
é coisa para mil páginas e depois 
só escreverei teatro, 
o que mais me apaixona 
pelo simples facto 
de não ter qualquer repercussão.» 
(Carta a Liberto Cruz, 17/11/1971)
Neste trecho epistolar, Ruben A. 
confirma-nos uma suspeita:
 a da existência nele, 
aqui confessada,
de uma pulsão dramática
 latente que anima,
além do mais, 
tantas páginas
da sua prosa de narrador
 desassombrado
e indomesticável.
 E ele aqui o diz no gesto
 bem soberano
 (que lembra António Patrício) 
de se «estar nas tintas»
para os silenciamentos previsíveis,
votados à recepção cultural
de criações dramáticas de
 portugueses em Portugal;
por culpa isolada ou 
concertada de desatenção,
desamor, e/ou despeito
 (questão amarga e atávica
 que infelizmente detém a sua actualidade).
Mas seja qual for o obstáculo ou o boicote, 
tal não atingirá de morte 
essa paixão de dizer,
em forma escrita,
que constitui a tentação dramatúrgica.



P.V.P.Espanha: 19,20 €


Editor: Assírio & Alvim


Dimensões: 208 x 135 x 24 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 265


P.V.P.Espanha: 19,20 €

Excerto
«Este segundo volume da Autobiografia
 de Ruben A. situa-se entre a
 chegada a Lisboa e a partida de Coimbra
 terminados os estudos Universitários. 
Após o fascínio que tinha sido viver no Porto,
 no Campo Alegre, Ruben A. 
encontra o mundo à sua procura 
através das amizades que faz, 
dos professores que conhece,
 duma viagem à Áustria, 
à Alemanha e à Hungria,
 antes da guerra, do serviço militar,
 das ‘imensas distâncias’
 que vai fabricando, 
dos livros que lê, 
da pintura que descobre
 e da sua permanência em Coimbra
 na república do Babaouo. 
De passaporte na mão,
 o almejado canudo,
 perdidas algumas ilusões 
e esperando vir a ganhar outras, 
Ruben A. sai de Coimbra 
a caminho das luzes da ribalta. 
O espectáculo do quotidiano
 estava prestes a começar.»
 — Liberto Cruz



P.V.P.Espanha: 19,20 €

Editor: Assírio & Alvim


Dimensões: 135 x 210 x 15 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 232



P.V.P.Espanha: 19,20 €

Editor: Assírio & Alvim


Dimensões: 134 x 208 x 24 mm
Encadernação: Capa mole



P.V.P.Espanha: 19,20 €

Editor: Assírio & Alvim


Dimensões: 208 x 137 x 26 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 200


Páginas IV

P.V.P.Espanha: 19,20 €


Editor: Assírio & Alvim


Dimensões: 210 x 134 x 25 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 208
Sinopse
Na colecção "Obras de Ruben A"
 sai agora o 4º volume de PÁGINAS, 
obra de reflexões, vivências e
 impressões várias. 
As "páginas" deste volume,
 dedicado aos amigos
 João Gaspar Simões 
e Isabel da Nóbrega, 
que assina o prefácio desta edição, 
vão das "Páginas Londrinas"
 (Ruben A. foi Leitor 
no King's College entre 1947 e 1952)
 às "Páginas do Sargaço" (Carreço-Afife), 
onde o autor tinha
 uma casa virada para o mar. 
Pelo meio, entre outras, 
a aventura de uma viagem de Londres
 ao Sargaço, num velho táxi londrino, 
que comprara com o amigo
 Ruy Leitão, 
de que se transcreve em baixo
 a parte final, com a chegada ao Sargaço. 
O humor fino e
 uma prosa moderna
 fazem de Ruben A,
 (ficcionista, dramaturgo, historiador, 
com uma obra repartida 
por dezenas de volumes, 
do romance ao ensaio, 
passando pela autobiografia, 
conto e novela) 
um caso ímpar na literatura portuguesa.
Excerto
Dia final. 
De Pontevedra à fronteira é
 um salto de avestruz 
e Lord Snob - Duque de Taxi-Cab, 
queixando-se já dos intestinos
 (aquele azeite em Espanha)! 
Traqueava-se amiudamente 
dando morteiros castiços 
numa atmosfera cáustica
 - quase já não podia andar, 
estava atingido pela gota ancestral. 
Muitos Invernos londrinos
 e muita borracheira 
pouco comunicativa. 
Que alegria ver Portugal! 
Não é ver a pátria a querida
 a linda a louca e tola
 - é sentir que se entra por dentro daquilo
 que é nosso onde se fala a nossa língua
 e onde se viveu um bom par de anos. 
Comecei a ficar um pouco confuso 
ao ponto de tocar numa arrepiação saudosa. 
Aqui, perto, todo o Alto Minho e 
ir entrar directamente em minha casa
 - no Sargaço
 - vindo de Londres, é de certa classe.
 - Aparece no momento uma alegria 
de ver nascer as coisas e 
tudo sabe como se a natureza 
estivesse aninhada antes do nosso passar
 - crescem as árvores aparecem
 chapéus nos homens e 
um comboio voa em direcção às nuvens.
 E eu a divagar nesta alegria 
divina quando numa 
das curvas da estrada 
dois guardas-fiscais de espingarda 
em punho mandaram alto.
 - Travei Lord Snob como pude
 (ele não compreende estas 
intervenções consecutivas de autoridade) 
e parei mesmo grogue
 ao pé dos dois fiscais fardados
 de um cotim modesto e 
tendo uma beata sonolenta ao pé da boca.
 Então o mais decidido e 
de bigodes avançou para
 mim e disse:
 queremos ver as malas
 -, eu respondi calmamente 
que nos tinham inspeccionado
 as malas há pouco mais de 10 minutos.
 - Então os cavalheiros atravessaram a fronteira?
 Que fronteira?
 - Eu não sei, parece-me 
que aqui só há uma 
- foi pela fronteira de Valença. 
- Os senhores são estrangeiros, não são? 
- Somos, sim senhor 
- respondi eu sem hesitar. 
Então fazem favor de seguir
 - no entanto garantem-nos 
que esta viatura não é 
carro do exército nem de combate.
 Não senhor, tem a minha palavra 
que este carro não pertence 
ao exército ou à marinha.
 - Podem seguir. - Muito obrigado senhor guarda.
 No entanto para tornar o 
acontecimento como oficializado, 
o outro guarda escrevia num
 canhenho besuntado
 o número de matrícula do nosso carro.
 AXL-478-GB. 
Agora são lugares conhecidos:
 Vila Nova de Cerveira, São Bento de Seixas,
 Caminha, Moledo,
 Âncora e Lord Snob 
quase atingido por síncopes
 lá vai andando na dificuldade do
 seu tubo de escape. 
Alto! Daqui para lá a terra é minha
 - do cimo da Gelfa até ao farol de 
Montedor estende-se aquela visão 
espantada de amor e tranquilidade. 
Lá ao fundo está o sargaço, sonho, 
tempo de poesia e pôr-do-sol, 
realidade abstracta à
 custa de muitos sacrifícios domésticos. 
Coisa grande que medíocres não percebem.
 Proibidos todos os Vossas Excelências, 
multa de cem colarinhos 
peganhentos aos transgressores. 
Afife já está no papo e mais dois quilómetros
 andados para aparecer a beleza 
da sereia dando voos e saltos 
numa harmonia perpétua.
 Tudo é presente de agora.
 Sargaço é mais do que sonho
 - aparece como vislumbre
 perfeito de uma ideia 
transportada ao mundo da fantasia. 
- O nosso Marquês 
ficou tão entusiasmado que avançou
 pelo mato em doida correria 
até se sentir encostado à casa. 
Ficou de capota aberta a dessuar-se 
Estava louco por ter terminado 
esta viagem ao longo de tanta paisagem
 e tanta costa numa procura contínua
 ao sustentáculo da maior realidade para sonhar. 
Houve uma chegada quase simbólica 
- a Cidalina julgava que
 vínhamos num carro do
 outro mundo e que
 os tacos de golfe eram metralhadoras. 
Depois de acalmada pelas nossas
 palavras de paz e conforto foi 
preparar os pastelinhos de bacalhau
 enquanto nós fomos a correr
 por ali abaixo até à praia.
 Precisávamos de nos abençoar
 na água viril desta costa.
 Que bonito tudo isto!
 É dos lugares mais íntimos ao pé do céu
 e só posso dar graças a Deus
 de ter aqui chegado e pedir 
sempre ao São Cristóvão
 que me leve a bom destino.
 Almoço alárvico. 
Horas depois um começo de pôr-do-sol
 que espantava os mais calmos
 numa transição para quarto crescente
 de Vénus à espreita 
para nos constelar-mos em céu límpido. 
Ah! Queria muitos destes dias de totalidade
 para satisfazer os meus sentidos. 
Afinal… viajar de táxi de Londres
 ao Sargaço é uma coisa dentro 
dos limites permitidos às forças humanas. 
Tem classe, mesmo que os rafeiros
 ladrem na sua alacridade acéfala.

P.V.P.Espanha: 19,20 €


Editor: Assírio & Alvim


Dimensões: 208 x 135 x 27 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 240


Sinopse
Há 25 anos, no dia 26 de Setembro, 
desaparecia um dos grandes escritores
 portugueses deste século: 
Ruben A., pseudónimo de
 Ruben Alfredo Andresen Leitão,
 ficcionista, dramaturgo, 
historiador, 
com uma obra repartida
 por dezenas de volumes, 
do romance ao ensaio, 
passando pela autobiografia, 
conto e novela. 
A editora Assírio & Alvim, 
que edita a sua obra, 
prepara-lhe uma homenagem
 no Alto Minho, 
em colaboração com a Câmara de Caminha, 
ao mesmo tempo que
 sai o V volume de "Páginas", 
obra de reflexões,
 vivências e impressões várias, 
que o autor de "A Torre da Barbela" 
foi escrevendo ao longo de anos, 
com o humor fino que o
 caracterizava e uma criatividade 
ímpar na forma como jogava 
com as palavras e os seus sentidos. 
Os encontros e conversas com 
os amigos, os poetas Ruy Cinatti,
 Pedro Homem de Mello,
 Sophia de Mello Breyner, 
sua prima,
 José Régio, 
Miguel Torga,
 o crítico João Gaspar Simões, 
o "Gaspas", 
o romancista brasileiro 
José Lins do Rego,
 a pintora Menez, 
e tantos, 
tantos outros.
 "Páginas de casa" pelo 
Minho de Carreço, 
onde comprara a casa do Sargaço,
 a serra d'Arga, Afife,
 Viana, Ponte de Lima
 (e a Torre de Barbela, 
em Geraz do Lima, 
onde tomou a decisão de 
escrever o romance), 
e também Coimbra,
 Portalegre, 
Porto ou Lisboa ...;
 "páginas ambulantes" 
por Londres, Oslo ou Roterdão.


Excerto:

"Dia 10.

 Estou azabumbado.
 Pedalo dentro da minha cabeça 
e sai apenas uma bílis de má disposição.
 A minha vida é um acidente de 
terreno pouco elevado. 
Esmigalho-me de vez em meses:
 é cada notícia que me 
alquebra os untos.
 Fico-me por aqui a olhar os
 bosques por onde caminha 
o Cavaleiro da Barbela
 a bordo do seu afamado Vilancete. 
E sonho nas saudades monstras 
que tenha da Barbela.
 Sítio ímpar na Ribeira Lima,
 solar da Torre, 
albergando os mais 
individualizados de cada século. 
Quase me apaixono por 
Madeleine Barbelat que 
quer perscrutar da virgindade 
do Cavaleiro antes
 de regressar a Paris. 
Depois ingresso novamente 
na chatice da renda de casa
 para pagar até ao dia 8, 
do gás e da electricidade, 
e eu sempre atento a apagar o 
que se não deve estragar de dinheiro,
 e o telefone a roubar-me por um 
contador que não está em minha casa, 
sou indefeso, imbecil, 
parvo - ainda a água caudalosa
 a chuvar-me o estremunhamento
 para não falar no pesadelo
 constante de padeiro, leiteiro, 
carniceiro, canalizador. 
Tudo que é novo em Portugal 
precisa de ser arranjado, 
então as canalizações já são construídas
 entupidas de nascença.
 Há tanto maquinismo de 
que só fabricamos os abortos. 
E medito que à borla só tenho 
o ar e o dentista amigo que 
é um homem bestial,
 boémio dos tempos de Coimbra,
 são de corpo e alma. 
Ah! Como eu queria 
bocejos à beira-mar. 
Lisboa faz-me vómitos setembrais;
 é a cidade mais egoísta do Ocidente. 
Em Lisboa é tudo difícil. 
Os braços caem-me pelas 
pernas abaixo e a cabeça de tão 
inclinada só olha pelos umbigos citadinos.
 São feios os umbigos portugueses.
 Têm pouca graça, parecem estrelas cadentes.
 Toda a minha paixão vira-se 
para umbigos de luxo que 
me arranquem dessa monotonia 
de contínuos problemas fiduciários."

P.V.P.Espanha: 19,20 €


Editor: Assírio & Alvim

Dimensões: 208 x 135 x 27 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 240


OFERTA ESPECIAL
Preço do Pack
38,50 €
Sinopse
Em 1949, Ruben A.,
 ocupando o cargo de leitor em Londres,
no King’s College, publica o seu primeiro livro,
Páginas, na Coimbra Editora.
 Neste livro, dedicado à pintora Menez
e ao seu marido,
 o advogado Ruy Leitão,
discorre-se sobre a vida londrina,
apimentada com passeios
a Dorset e a Stratford-Upon-Avon,
sobre exposições de Van Gogh
 e exibições da Fera Amansada;
 sobre a visita realizada por
 Ruben A. aos Estados Unidos;
 o seu regresso temporário a casa,
e uma viagem à Suécia,
Dinamarca e Noruega.
Seguir-se-ão a este livro cinco
 volumes de Páginas,
 publicados ao longo
de vinte e um anos,
 e nos quais se traça o retrato de uma época,
 de um regime, e de algumas
 figuras brilhantes
 que viviam em Portugal na altura.
Simultaneamente, à medida
que a leitura destas páginas
vai progredindo,
 verifica-se o amadurecimento do estilo
 e pensamento de Ruben A.,
 um dos escritores mais
 interessantes do século XX em Portugal.



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